Por William Saliba (*)
Há pouco mais de 15 dias a Usiminas iniciou as operações integradas da sua Central de Monitoramento Ambiental. O novo sistema realiza o acompanhamento das emissões atmosféricas aferidas pelas redes de monitoramento de qualidade do ar e de partículas sedimentáveis mantidas pela empresa em diferentes pontos de Ipatinga e na área interna da empresa. Também entrou em funcionamento a Rede Automática de Monitoramento de Particulados (Ramp), que acompanha cada um dos pontos de emissão potencial da Usina.
Essas e outras ações são intensificadas pela Usiminas, que investe cerca de R$30 milhões em medidas de sustentabilidade ambiental e monitoramento que irão beneficiar a empresa e a comunidade. Com o acompanhamento do Ministério Público, com o qual firmou um TAC, a Usiminas se empenha para ser modelo em sustentabilidade da indústria de aço brasileiro.
LIÇÃO DE CASA
Para Usiminas, o compromisso com a melhoria da qualidade do ar da cidade começa dentro de casa. Quem dá uma volta na Usina de Ipatinga se surpreende com ruas e avenidas limpas de pó. Os caminhões que trafegam por lá, obrigatoriamente passam pelos vários pontos de lavadores de rodas, para evitar que o material acumulado nos pneus chegue à área externa da usina.
Vê-se com frequência caminhões de umectação transitando em algumas vias e, em outras, carros de varrição mecânica. Jardins bem cuidados destacam o verde e telas e torres de monitoramento medem o volume de partículas sólidas em suspensão. As enormes pilhas de matérias primas recebem a aplicação de uma camada de polímeros que impede a propagação de suas micropartículas pelo ar, além de canhões de névoa que pulverizam água sobre as pilhas de minério de ferro e carvão mineral.
Além disso, cerca de 20 mil árvores nativas são plantadas anualmente no entorno da área industrial. Este plantio, somado às matas ciliares e aos grandes jardins mantidos nas avenidas e rotatórias pela Prefeitura Municipal de Ipatinga, colocam a cidade polo do Vale do Aço entre as cidades brasileiras com um dos maiores percentuais de área verde por habitante.
PÓ PRETO
Uma grande preocupação da monitoração da Usiminas é identificar possíveis fontes geradoras de partículas inaláveis e partículas sedimentares (conhecidas como o “pó preto” que atinge alguns bairros de Ipatinga). O vice-presidente industrial da Usiminas, Américo Ferreira Neto, explica que “o levantamento das informações apresentadas nos painéis da Central de Monitoramento Ambiental permitirão identificar as fontes, direção dos ventos e o volume das partículas em suspensão no ar de Ipatinga, sejam industriais como urbanas. As amostras coletadas são analisadas no Centro de Pesquisas da Usiminas e em laboratórios nos Estados Unidos.
APRIMORAMENTO
Ipatinga, nos anos 50, era um pequeno povoado com pouco mais de 60 casas e 300 habitantes. Para concretizar o sonho dos mineiros de uma grande siderúrgica de aços planos, a Usiminas tinha a necessidade de construir não só uma área industrial, como também uma cidade. O projeto urbanístico de Ipatinga, edificado paralelamente ao de Brasília, foi encomendado aos mesmos arquitetos e urbanistas responsáveis pelo projeto da Capital Federal.
Naquela época, a visão de sustentabilidade era outra. Os projetistas de Ipatinga, preocupados com a mobilidade urbana, concluíram que locar a cidade ao redor da área industrial era uma boa solução.
Com o decorrer dos anos, com a Usina de Ipatinga já funcionando, começaram a surgir os problemas ambientais. Ainda na década de 70, foram instalados os primeiros filtros e precipitadores eletrostáticos, reduzindo a presença de gases e óxido de ferro na atmosfera. Mudou o mundo, mudaram-se os conceitos e a Usiminas busca aprimorar seu sistema de controle ambiental.
O NOVO SISTEMA
A recente Central de Monitoramento Ambiental da Usiminas conta com uma equipe dedicada, dividida em turnos de trabalhos, para que haja o acompanhamento 24 horas por dia, sete dias por semana. No local, é realizado o monitoramento contínuo das chaminés da Usina de Ipatinga e a checagem de toda a unidade, com o apoio de mais de 30 câmeras e dos dados coletados pela nova rede interna.
Em caso de ocorrências fora da normalidade, os profissionais poderão adotar ações imediatas para corrigir e dar encaminhamento à situação. Também será possível acompanhar, em tempo real, o monitoramento da qualidade do ar de Ipatinga, as condições meteorológicas e a deposição de partículas sedimentáveis na cidade.
Já a Rede Automática de Monitoramento de Particulados (Ramp) é composta por 31 pontos de captação de dados instalados no entorno do Pátio de Carvão, Coquerias, Sinterização, Altos-Fornos e Aciaria – que permitirão identificar as fontes das principais emissões na planta. A maior parte dos equipamentos é alimentada por energia fotovoltaica e os dados gerados são enviados on-line para o sistema de gestão.
O presidente da companhia, Sergio Leite, destaca que as iniciativas são mais um avanço da Usiminas na construção contínua da sustentabilidade da companhia. “A Usiminas está empenhada nesse tema e no compromisso assumido com a comunidade de Ipatinga e com o Ministério Público no final do ano passado, cumprindo o que foi acordado e indo além, com a implantação de medidas adicionais” – assinala o executivo.
“Somos uma das empresas pioneiras no Brasil a adotar um sistema inovador na tecnologia integrada e customizada de monitoramento atmosférico, reunindo dados de diversas origens e permitindo um controle ainda mais preciso das nossas operações”, finaliza Sérgio Leite.
(*) O jornalista visitou a Usina de Ipatinga a convite da Usiminas