Durante o mês de agosto acontece a campanha “Agosto Lilás”, que reforça as ações de conscientização no combate à violência doméstica contra a mulher. O mês foi escolhido por coincidir com a data em que a Lei Maria da Penha foi sancionada, 7 de agosto de 2006.
De acordo com o 14° Batalhão de Polícia Militar de Ipatinga, entre janeiro a julho de 2019 foram registrados 742 crimes de violência doméstica na cidade. No mesmo período, em 2020, foram contabilizadas 660 ocorrências da mesma natureza, uma queda de 11,5% em um ano.
O decréscimo pode ser notado a partir de maio deste ano, quando foram registradas 109 ocorrências. Em junho, este número caiu para 84, chegando a 76 em julho. Para o subcomandante do 14° Batalhão de Polícia Militar, capitão Anselmo Pedrosa, a redução pode estar relacionada à soma de ações contra os crimes de violência doméstica.
“Há evidências que indicam que esta redução se deve a um trabalho conjunto entre os atores que compõem a rede de proteção à mulher. Podemos citar a patrulha de prevenção à violência doméstica da Polícia Militar, inovações nas leis de punição ao agressor, a própria Lei Maria da Penha e os serviços de apoio às vítimas disponibilizados pelo Poder Público”, considera.
ASSISTÊNCIA
Em Ipatinga, mulheres em situação de violência são encaminhadas pelo Sistema de Garantia de Direito para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que oferece acompanhamento multidisciplinar com orientação jurídica, psicológica e de assistência social. As mulheres também podem procurar o serviço sem encaminhamento.
O Creas funciona na rua Pouso Alegre, 34, no Centro, onde é oferecido acompanhamento interdisciplinar (psicológico, social, jurídico e de teleorientação), além do pedagógico para as crianças que acompanham as mães em atendimento.
De acordo com Claúdia Castro, secretária-Adjunta da Assistência Social, o serviço não tem o objetivo de desfazer o casamento ou a relação afetiva. A finalidade é auxiliar a mulher para que se reconheça como vítima nos casos efetivamente constatados até romper o ciclo de violência.
“Não é uma situação que se resolve rápido. Precisamos entender que a violência doméstica é um crime que ocorre em meio a sentimentos. Nos casos em que a mulher não tem como voltar para casa, o município disponibiliza locais estratégicos e seguros que para que ela não corra riscos até que a situação se resolva”, disse Cláudia, acrescentando o trabalho técnico do Creas é respaldado no respeito e no tempo dessa mulher.
“Não temos o papel de chegar e apreender o agressor. É feito um trabalho com essa mulher para que ela se perceba neste círculo de violência, os riscos a que está exposta. Muitas vezes ela precisa até ser conscientizada, ter coragem para entrar com inquérito policial e deixar de fato o agressor”, finalizou Cláudia.