Você já ouviu falar de plantas alimentícias não convencionais (Panc)? Por muito tempo, as Panc, também conhecidas como “plantas da ancestralidade” ou “matos de comer”, eram facilmente encontradas nas hortas e nos quintais de Minas Gerais. Os anos se passaram e elas cederam espaço para hortaliças que podiam ser produzidas em larga escala, com grande oferta no mercado de sementes e mudas para o cultivo.
A boa notícia é que, nos últimos anos, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) vem realizando um trabalho de resgate das hortaliças Panc. Além de estimular a troca de conhecimento sobre as plantas, o objetivo da empresa, vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), é mostrar ao público modos fáceis e práticos de incorporá-las na alimentação diária.
ALIMENTOS
A lista com opções para o cardápio é longa, e inclui almeirão-de-árvore, araruta, azedinha, beldroega, bertalha, capuchinha, cará-moela, chicória-do-pará, chuchu-de-vento, feijão-mangalô, inhame, jacatupé, jambu, mangarito, maria-gondó, ora-pro-nóbis, peixinho, serralha, taioba, vinagreira e outras plantas. A pesquisadora da Epamig, Maria Regina Miranda, lembra que os valores nutricionais dessas hortaliças são elevados.
“As receitas surgem de contatos e trocas de saberes entre agricultores familiares, pesquisadores e extensionistas. A gente faz esses resgates da tradição popular mineira sempre em parceria. O papel da pesquisa é importante, também, na identificação das plantas, para que haja propagação de receitas corretas e do consumo seguro”, pontua.
Também pesquisadora da Epamig, Marinalva Woods destaca, ainda, a versatilidade das hortaliças não convencionais na culinária do dia a dia. Ela conta que, com as Panc, é possível fazer bem mais que saladas. “Tortas, pães, pizzas, bolos, omeletes, patês, geleias, conservas e sucos. A lista de opções de receitas é tão extensa quanto a lista de hortaliças disponíveis na natureza”, enfatiza.
RECEITAS
Para divulgar receitas de pratos feitos a partir de hortaliças Panc, a Epamig possui uma série de cartilhas disponibilizadas gratuitamente no site da empresa. Além disso, pesquisadoras da casa atuam diretamente com o público em feiras e eventos em Minas. O grupo dá orientações técnicas, fala dos resultados de estudos e distribui materiais para agricultores familiares do estado.
Uma das publicações mais recentes é o ebook “Matos de Comer”, publicado em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o Centro de Tecnologias Alternativas (CTA). O material, produzido com a participação de agricultores familiares da Zona da Mata, compartilha receitas capazes de despertar memórias antigas, típicas da tradição mineira.
Ao todo, o ebook traz 34 receitas acompanhadas de fotos e um compilado de outras plantas não convencionais que podem ser consumidas refogadas. Para fazer o download, clique aqui.
Outra cartilha da Epamg traz mais 27 receitas com hortaliças não convencionais. A publicação “Saberes e Sabores” reúne, além dos modos de fazer, breves descrições de algumas Panc, como forma de alertar sobre cuidados no consumo das hortaliças. Para fazer o download gratuito, clique aqui.
FLORES DE COMER
Além de hortaliças Panc, é possível incorporar flores nas refeições diárias e deixá-las ainda mais saborosas e saudáveis. Com a valorização dos alimentos naturais, da alimentação viva e das plantas não convencionais, as flores comestíveis vêm ganhando visibilidade e conquistando paladares em Minas e no Brasil.
Mas, é preciso ter atenção: nem toda flor é comestível. Quem alerta é a pesquisadora da Epamig, Izabel Cristina dos Santos. Segundo ela, algumas flores são venenosas quando ingeridas, capazes de provocar reações alérgicas ou vômitos. São tóxicas as flores das seguintes plantas: amarílis, antúrio, azaléia, copo-de-leite, estrelícia, coroa-de-cristo, hortência, íris, lantana, palma-de-santa-rita e violeta africana. Por isso, o indicado é sempre pesquisar caso a caso.
Para ajudar nas pesquisas e incorporar flores em receitas culinárias, a Epamig disponibiliza gratuitamente a cartilha “Flores Comestíveis”. Para baixar o material, clique aqui.