Genoves Bessa (*)
Esse dia 3 de abril de 2021 entrará com uma marca triste na história da música popular brasileira. Calou-se a voz forte e privilegiada do cantor Agnaldo Timóteo. Eu o conheci nos primórdios da década de 60, em Governador Valadares, onde ele praticava luta livre, trabalhava como torneiro mecânico e emprestava sua voz nos ambientes boêmios naquela cidade, então conhecida como a “Princesinha do Vale”.
Agnaldo rumou para Beagá, onde participou de encontros musicais, interpretando canções de Cauby Peixoto, até que a cantora Ângela Maria o viu se apresentando, gostou e o levou para o Rio de Janeiro, onde Agnaldo atuou como seu motorista por três meses. Com a ajuda dela, gravou o seu primeiro disco em 1961, mas só foi estourar nas paradas de sucesso em 1967, com o disco “Obrigado Querida”, no qual interpretava a canção “Meu Grito”, de Roberto Carlos, que ficou em primeiro lugar nas principais rádios do país.
O disco veio ainda com dois grandes sucessos da sua carreira: “Mamãe Estou Tão Feliz” (Mamma) .Um sucesso tremendo no Natal daquele ano, ficando na ponta de todas as paradas do país) e “Os Verdes Campos da Minha Terra”. Segundo o próprio Agnaldo, “Meu Grito” consolidou a sua carreira, também naquele LP.
Mas o quê eu quero mesmo dizer, é que não consigo digerir essa notícia, pois era seu grande fã, capaz de estar presente em todos os shows dele em nossa região. Certo dia, o encontrei no Rio de Janeiro, mais precisamente em Copacabana, onde entregava “santinhos” em sua campanha para deputado federal, cujo mandato não só conquistou, como com seus votos na legenda, ainda levou mais gente para o Congresso. Ele também foi vereador no Rio e em São Paulo, por dois períodos.
A noite deste dia 3 chegou. E fiquei até altas horas ouvindo a sua potente voz, desejando que ele surgisse à minha frente, me dando um caloroso abraço, como quando nós dois nos encontramos na vizinha cidade de Timóteo, por ocasião do emplacamento de seu carro.
Fica a tenra saudade de uma voz que jamais vai apagar em meu coração.
(*) Genoves Bessa é jornalista e diretor do jornal Folha do Comércio