Segunda principal causa de mortes no mundo, responsável por 9,6 milhões de óbitos, de acordo com a última estatística da OMS de 2018, o câncer é uma questão de saúde pública. Com a pandemia do novo coronavírus, a doença assume contornos ainda mais relevantes. A pandemia também tem comprometido a realização de exames e diagnósticos que podem salvar muitas pessoas de uma fatalidade decorrente de inúmeras doenças, entre elas o câncer. No entanto, a Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha (HMC), em Ipatinga, tem alertado para a continuidade dos tratamentos oncológicos e consegue manter o serviço prestado a pacientes da região.
“O receio da contaminação não deve ser motivo para atrasar diagnósticos, cirurgias, tratamentos e demais cuidados na rotina de quem tem câncer. A boa notícia é de que a maioria dos tumores, se diagnosticados precocemente, possuem grande chance de cura. A doença não é uma sentença de morte. Atualmente os tratamentos estão cada vez mais avançados, permitindo uma melhor qualidade de vida dos pacientes”, comenta Dr. Luciano Viana, coordenador médico da Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha.
O cenário pandêmico reforça ainda mais a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) divulgou que, somente nos dois primeiros meses da pandemia, cerca de 50 mil pessoas deixaram de ser diagnosticadas com câncer no Brasil e outras milhares tiveram consultas ou tratamentos adiados ou cancelados.
Um artigo publicado pelo jornal inglês The Guardian alerta que a crise do coronavírus pode levar a 18 mil mortes adicionais devido ao câncer neste ano de 2021 no Reino Unido, devido ao atraso nos tratamentos e consultas. No Brasil, ainda não se tem dados sobre os efeitos da pandemia nos tratamentos oncológicos. No entanto, somente os dados do Instituto Nacional do Câncer já apontavam que a expectativa era de 650 mil novos casos de câncer a cada ano do triênio 2020-2022.
Na Unidade de Oncologia do HMC, somente em 2020, foram realizadas 32.434 consultas e 2.437 atendimentos da Medicina Nuclear. O número de atendimentos quimioterápicos foi de 26.198 sessões adulto, 1.054 sessões em unidade de Oncologia Pediátrica e na radioterapia foram 24.295 sessões. Ou seja, a unidade está aberta e atendendo a demanda das secretarias de saúde da área de abrangência do Hospital Márcio Cunha.
“Desde o início da pandemia temos mantido o compromisso de monitorar nossos pacientes oncológicos porque sabemos da importância de dar continuidade ao tratamento. A postergação de um exame oncológico pode ser fator decisivo entre a cura e o óbito. A prevenção, informação e o acesso ao tratamento continuam sendo os principais aliados para se combater um câncer”, diz Luciano Viana.
TRATAMENTOS INOVADORES
Mesmo em pandemia, os tratamentos do Centro de Pesquisa do Hospital Márcio Cunha, tiveram continuidade e têm ajudado muitos pacientes com tumores em estágio avançado a ter maior qualidade de vida e até uma remissão completa da doença.
Criado em 2017, o Centro de Pesquisa tem desenvolvido protocolos em cirurgias, radioterapias e novos medicamentos na área oncológica, entre outras especialidades médicas. Atualmente são 12 estudos clínicos em andamento, alguns em fase de recrutamento e outros com pacientes já tratados em acompanhamento.
“Os pacientes que participam passam por um tratamento com todo rigor da ciência, com monitorização nacional e internacional e checagem de dados. Para muitos é uma oportunidade única de tratar um câncer, que muitas vezes, já não tinha mais resultados com o tratamento disponível”.
É o caso do senhor Geraldo Gonçalves Paulo, de 66 anos. O encarregado de carpinteiro descobriu um tumor de cabeça e pescoço em estágio avançado da doença e já em fase de metástase. Com poucas chances de sucesso no tratamento convencional, Geraldo se encaixou nos critérios do protocolo para o mesmo tumor existente no Centro de Pesquisa e teve remissão completa da doença.
“Eu tinha muita dificuldade para falar porque minha língua estava tão inchada que não estava cabendo na minha boca. Sentia dores na boca, no esôfago e no estômago porque meu tumor já tinha avançado. Me chamaram para participar de um novo tratamento. Essa pesquisa salvou a minha vida. Fiquei dois anos tratando com esses medicamentos e oito meses depois já senti muita melhora. Hoje estou bem, sem dores, ganhei o peso que eu perdi. Me sinto abençoado, graças a Deus e à equipe médica”, conta.