Por Cleuzany Lott (*)
O mundo das celebridades vive a expectativa de saber quem está por trás do assalto ao apartamento do humorista Carlos Maia, ocorrido na madrugada do último dia 28, em um condomínio de luxo na cidade de Maceió (AL).
Mais de cinco milhões de reais em joias e artigos de luxo foram levados pelos ladrões. O crime lembra os filmes de Hollywood. Porém, na ausência de mordomos, o porteiro está na lista de suspeitos, elevando o grau de suspense à trama.
O prédio é anexo ao famoso Hotel Ritz Lago da Anta, região monitorada por câmeras. Possui sistemas de alarme, 36 câmeras de vigilância, porteiros presenciais, além de mecanismos do próprio apartamento.
Tomando como exemplo três barreiras quebradas, independentemente do desfecho da história, podemos tirar proveito do enredo, em virtude das semelhanças de falhas de procedimento e de segurança que fazem parte da rotina da maioria dos condomínios.
Pela parte estrutural, o muro de acesso era baixo e não oferecia dificuldade para invasão. Após do crime, concertinas foram instaladas nas laterais do imóvel.
No nosso caso, como síndico, morador ou condômino, quantas vezes deixamos de priorizar a proteção ao redor do nosso imóvel, visando economia ou pensando na estética?
O segundo aspecto é a condição dos equipamentos. No condomínio do Carlinhos Maia foi constatado que as câmeras principais estavam desligadas. Apenas duas flagraram os ladrões na garagem. As outras foram prejudicadas pelos “pontos cegos” do sistema.
Nesse contexto, verificar se os equipamentos estão gravando e as câmeras funcionando não faz parte da rotina da maioria dos gestores.
Além disso, quantas vezes escolhemos adquirir apenas alguns equipamentos e instalá-los em “pontos estratégicos”, acreditando que o problema estará resolvido?
Por último, porém essencial, vem a ação humana. Seja por ingenuidade, displicência ou má fé, alguém pode falhar.
O sistema de alarme do prédio disparou. Mas, como o apartamento estava vazio, o porteiro apostou na possibilidade de um acionamento por animais ou na sensibilidade do dispositivo e não verificou o que estava acontecendo.
Com relação à segurança externa, alguém teria ligado para a ronda da empresa informando que se tratava de alarme falso.
A polícia já sabe que os bandidos tiveram informações privilegiadas sobre a rotina do prédio.
Na nossa realidade, quantas vezes abrimos o portão para desconhecidos, deixamos os portões abertos, vimos pessoas estranhas no prédio e não nos preocupamos, contratamos pessoas sem saber quem elas são, enfim, ignoramos as regras acreditando que nada vai acontecer?
Seja no condomínio de luxo ou no mais simples, não criaram um mecanismo à prova da ação humana; semelhanças existem e ninguém está seguro se o outro não colaborar.
(*) Cleuzany Lott é advogada, especialista em direito condominial, síndica empreendedora, jornalista, publicitária e diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM).