Os preços no setor industrial recuaram 1,96% na passagem de agosto para setembro de 2022, a segunda maior queda desde o início da série histórica, iniciada em 2014. O índice anterior, julho para agosto, havia registrado queda recorde (-3,04%). Com isso, a indústria acumula deflação de 4,94% nos últimos dois meses.
Nos últimos 12 meses, a taxa foi de 9,76%, enquanto no acumulado do ano, o indicador é de 5,87%. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje (26) pelo IBGE, que mede os preços de produtos “na porta de fábrica, ou seja, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis, semiduráveis e não duráveis).
Felipe Câmara, analista da pesquisa, ressalta que a última vez que houve uma sequência de dois meses de resultado negativo foi há mais de três anos. “Estamos diante de um movimento continuado, com os determinantes das reduções no nível geral de preços exercendo influência ao longo de um período que se estende para mais do que um único ponto da série. Em termos de perspectiva histórica, a última vez em que houve dois meses consecutivos de retração do IPP foi em junho/julho de 2019”, explica.
Mais uma vez, o destaque foi a indústria do Refino de petróleo e biocombustíveis, a maior variação (-6,79%) e a maior influência (-0,89 ponto percentual) na indústria geral. Outras atividades em destaque foram alimentos, com -0,27 p.p. de influência, metalurgia (-0,24 p.p.) e Outros produtos químicos, com queda de 6,20% no mês, correspondendo a -0,62 p.p. de influência. “Há um protagonismo da cadeia derivada do petróleo no índice desse mês”, aponta Câmara.
Os preços do setor do setor de Refino de petróleo e biocombustíveis variaram em média, de agosto para setembro, -6,79%, taxa próxima a do mês anterior, -6,99%. Com isso, o acumulado no ano, que era 26,49% em agosto, recuou para 17,90% (contra 49,70%, em setembro de 2021). Por fim, na comparação setembro 2022/setembro 2021, os preços atuais são 33,64% maiores, a menor taxa desde fevereiro de 2021 (18,25%).
Entre as grandes categorias econômicas bens intermediários (-2,42%) e bens de consumo (-1,66%) tiveram retração nos preços, sendo 0,19% nos bens de consumo duráveis e -2,01% nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis. A primeira aparece como principal influência, respondendo por -1,42 p.p. da variação da indústria no mês de setembro. Repetindo a combinação verificada em agosto (ambas com variações negativas), bens intermediários e bens de consumo semiduráveis e não duráveis pautam o sinal e a magnitude da queda no IPP, uma vez que juntas, apresentam peso de, aproximadamente, 87% do no cálculo do Índice Geral.
MAIS SOBRE A PESQUISA
O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados, mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra.