O ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Carlos José Russo Assumpção Penteado afirmou, nesta segunda-feira (4), que o ex-ministro Gonçalves Dias não repassou aos demais responsáveis os alertas que recebeu da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a respeito do risco de invasão de prédios públicos durante os atos do dia 8 de janeiro.
“Todas as ações conduzidas pelo GSI no dia 8 de janeiro estão diretamente relacionadas a retenção pelo ministro G. Dias dos alertas produzidos pela Abin, que não foram disponibilizados oportunamente para que fossem acionados todos os meios do plano escudo”, disse o militar.
A declaração foi dada durante a CPI dos Atos Democráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta segunda-feira. Segundo ele, se tivesse recebido as informações, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada.
“Se a Coordenação de Análise de Risco tivesse acesso ao teor dos alertas encaminhados ao general Gonçalves Dias pelo diretor da Abin, as ações previstas pelo plano escudo teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto”, conclui Penteado.
O militar explica que o “plano escudo” funciona de forma preventiva, a partir das informações que o GSI recebe previamente a um evento ou manifestação.
Penteado ocupava o cargo no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano. Ele era responsável pela segurança dos palácios presidenciais. O militar foi exonerado do cargo em janeiro deste ano, sendo substituído pelo também general Ricardo José Nigri.
FALHA DE COMUNICAÇÃO
Ainda de acordo com o militar, houve “falha no fluxo de informações”, no dia 8 de janeiro, data dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Trabalhamos com sensores, aqueles que vão adquirir as informações, era feito pela Abin. [Os] decisores, à medida que vão recebendo, decidem e mandam para os atuadores. Tivemos uma quebra nesse fluxo de informação e isso levou a um planejamento do plano escudo abaixo do que se identificou”, declara Penteado.
Ainda de acordo com o militar, sua equipe sabia apenas que haveria uma “manifestação pacífica, de baixa intensidade e restrita ao Setor Militar Urbano (SMU)”, onde ficava o acampamento de bolsonaristas.
Durante o depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, Penteado esclareceu que permaneceu no cargo de secretário-executivo à pedido de Gonçalves Dias. O militar era o número 2 do GSI desde julho de 2021, quando pasta era comandada pelo general Augusto Heleno.