O Mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii), uma ave endêmica da Mata Atlântica e ameaçada de extinção, foi oficialmente declarado Patrimônio da Biodiversidade e Animal Símbolo do município de Ipaba (MG), por meio da Lei nº 1001/2024. Esse reconhecimento representa um marco importante na luta pela preservação da espécie e ressalta a necessidade de conscientização da população sobre a sua importância.
Edson Valgas, diretor-executivo do Instituto Cenibra, comentou sobre a relevância da data. “O Dia Municipal do Mutum-do-sudeste, comemorado em 22 de setembro, é o resultado de um trabalho que se iniciou há mais de 30 anos com o Projeto Mutum. Essa conquista demonstra que, por meio de parcerias e iniciativas de conscientização, educação ambiental e conservação, podemos mudar o futuro de diversas espécies da nossa biodiversidade”, afirmou Valgas, que foi responsável técnico pelo projeto durante duas décadas.
Para celebrar essa data, a Cenibra, em colaboração com a Prefeitura de Ipaba, organizou uma semana de visitas educativas para alunos de seis escolas municipais. As atividades incluíram experiências interativas, um concurso de desenho e a oportunidade de conhecer de perto o Mutum-do-sudeste. A professora Andreia Maria Oliveira Fernandes enfatizou a importância dessa vivência.
“Os alunos voltaram mais conscientes sobre o impacto das ações humanas na biodiversidade local. Eles entenderam a importância da preservação e o papel de cada um como futuros agentes de transformação”, destacou Andreia, docente da Escola Municipal Laélio Bento Pereira.
Este reconhecimento não apenas celebra a beleza do Mutum-do-sudeste, mas também reforça a urgência da proteção ambiental em um momento em que a biodiversidade enfrenta ameaças crescentes.
PROJETO MUTUM
Desde 1990, a Cenibra, em parceria com a Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre (Crax), desenvolve o Projeto Mutum na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Macedônia, em Ipaba. O projeto tem como objetivo principal a reintrodução de aves silvestres ameaçadas de extinção em seu habitat natural.
O Projeto Mutum já reintroduziu mais de 500 aves de sete espécies diferentes na natureza, sendo o Mutum-do-sudeste a primeira espécie reintroduzida, o que deu origem ao nome do projeto. Esse trabalho pioneiro, aliado ao manejo sustentável e à educação ambiental, tornou-se referência nacional e internacional.
Para Thales Claussem, analista ambiental da Cenibra, o reconhecimento do Mutum-do-sudeste como Patrimônio da Biodiversidade é um avanço das iniciativas estratégicas de reverter o alto risco de extinção da ave, discutidas por especialistas ambientais no Brasil. “Essa decisão representa o compromisso da comunidade em proteger uma ave que, por muito tempo, esteve extinta em Minas Gerais e à beira da extinção global”, destaca Thales, atual responsável técnico do projeto.
VALORIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E DA CULTURA LOCAL
Como parte das ações de conscientização e valorização da biodiversidade, a Cenibra apoia a Rota do Mutum, uma iniciativa turística que promove o contato com a natureza e a valorização da cultura local. A rota oferece visitas à RPPN Fazenda Macedônia, sede do Projeto Mutum, e inclui uma trilha interpretativa que destaca a importância da preservação da mata nativa e das ações ambientais da Cenibra.
Segundo Brenda Cota, responsável pelo Programa de Educação Ambiental da Cenibra, a Rota do Mutum tem um papel importante na conscientização ambiental. “Por meio do turismo é possível apresentar o mutum para mais pessoas, estimulara percepção e o senso de proteção da nossa biodiversidade. É um passeio com alto valor ambiental, cultural e social”, afirma Brenda.
O reconhecimento do Mutum-do-sudeste como patrimônio da biodiversidade, somado às iniciativas da Rota do Mutum, reafirmam o compromisso da Cenibra com a conservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico na região.