Por Natália Brito
A forma como construímos nossas cidades reflete as escolhas políticas que fazemos. Em meio a crises sociais e ambientais, o papel da arquitetura se torna ainda mais relevante. Não se trata apenas de erguer edifícios; trata-se de criar ambientes que promovam inclusão, bem-estar e sustentabilidade. O desafio, portanto, é claro: como repensar nossos espaços urbanos para atender às demandas de um futuro mais justo?
Historicamente, a arquitetura muitas vezes se limitou a atender aos interesses de uma minoria, resultando em cidades segmentadas e desiguais. Enquanto alguns desfrutam de áreas com infraestrutura adequada, outros vivem em periferias sem acesso a serviços básicos. Essa disparidade revela a urgência de um novo olhar sobre o planejamento urbano. A cidade deve ser um espaço onde todos possam conviver, e isso só será possível se houver um compromisso real com a democratização dos espaços.
Um exemplo positivo vem de iniciativas que buscam transformar áreas subutilizadas em espaços de convivência. Praças, parques e centros culturais são fundamentais para fomentar a interação social. Quando a arquitetura é pensada para acolher, ela se torna um instrumento poderoso de inclusão. Além disso, a integração de soluções sustentáveis, como jardins verticais e edifícios com eficiência energética, não apenas melhora a qualidade de vida, mas também combate os efeitos das mudanças climáticas.
É preciso reconhecer que as decisões arquitetônicas não estão dissociadas da política. Projetos que ignoram as necessidades da população ou que favorecem o lucro em detrimento da qualidade de vida revelam uma desconexão preocupante entre governantes e cidadãos. O papel dos arquitetos e urbanistas deve ser o de atuar como mediadores, ouvindo as vozes da comunidade e garantindo que as intervenções urbanas sejam realmente necessárias e desejadas.
A participação popular no planejamento urbano deve ser incentivada. Audiências públicas e oficinas de cocriação são ferramentas eficazes para integrar a visão dos moradores nas propostas de urbanismo. Quando as pessoas se sentem parte do processo, a cidade se transforma em um reflexo de suas aspirações e necessidades. É nesse diálogo que encontramos a essência de uma sociedade coerente.
Concluindo, a arquitetura deve ser uma aliada na construção de um futuro mais humano. As cidades que desejamos não serão criadas apenas por arquitetos, mas pela colaboração de todos os envolvidos. É hora de unir esforços e repensar nossos espaços urbanos. A responsabilidade de moldar a cidade do amanhã está em nossas mãos. Que cada tijolo levantado seja uma promessa de respeito ao cidadão e um passo em direção a um ambiente mais acolhedor, seguro e sustentável. Afinal, a cidade que queremos começa com a cidade que precisamos.
(*) Natália Brito é arquiteta e professora mestre, com 15 anos de experiência na área de projetos e 12 anos dedicados à educação. Ela possui a Formação DAP (Desenvolvimento Avançado de Projetos) e é cofundadora da Arqcalc, uma startup de Precificação de Projetos. Através de plataformas digitais, mentora milhares de profissionais da Arquitetura e Design, ajudando-os a aprimorar suas práticas e gestão.