O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a Venezuela vive um “regime desagradável” sob o comando de Nicolás Maduro, mas evitou classificar o país vizinho como uma ditadura. Em entrevista à rádio Gaúcha, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (16), Lula expressou suas opiniões sobre a situação política venezuelana e as recentes eleições no país.
“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é uma ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas ditaduras nesse mundo”, declarou o presidente brasileiro.
Lula manteve sua posição de não reconhecer o resultado das eleições venezuelanas, onde Maduro se declarou reeleito e a oposição alega vitória com Edmundo González. O presidente brasileiro reiterou que só reconhecerá o pleito como democrático mediante a apresentação de provas concretas.
“Eu só posso reconhecer que foi democrático se eles mostrarem a prova de que houve uma eleição e de que fulano teve tantos votos, que siclano teve tantos votos”, afirmou Lula, demonstrando cautela em relação ao processo eleitoral venezuelano.
O presidente também se distanciou da nota divulgada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no final de julho, que se referiu a Nicolás Maduro como “reeleito”. Lula declarou: “Não, eu não concordo com a nota. Eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT”. Ele enfatizou a autonomia entre partido e governo, ressaltando que “o partido não é obrigado a fazer o que o governo quer. E nenhum governo é obrigado a fazer o que o partido quer.”
As declarações de Lula sobre a Venezuela ocorreram durante sua visita ao Rio Grande do Sul, onde cumpriu uma série de compromissos. Após a entrevista, o presidente participou da entrega de uma unidade habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida e de uma cerimônia para anunciar a aceleração de obras e adiantamento de entregas de unidades.
A agenda do presidente no estado gaúcho também incluiu a inauguração do Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição e a entrega do Complexo Viário da Scharlau, na BR-116, antes de retornar a Brasília.
As afirmações de Lula sobre a situação venezuelana refletem a complexidade das relações diplomáticas na América Latina e a cautela do governo brasileiro em lidar com questões políticas sensíveis na região. Ao mesmo tempo em que critica o regime de Maduro, o presidente brasileiro evita uma condenação mais incisiva, buscando manter canais de diálogo abertos com o país vizinho.
A postura de Lula em relação à Venezuela tem gerado debates tanto no cenário político interno quanto no âmbito internacional. Enquanto alguns aplaudem a abordagem cautelosa do presidente, outros criticam o que consideram uma postura branda diante de um regime acusado de violações de direitos humanos e supressão da oposição.