O Brasil enfrenta uma grave crise de segurança e perdas econômicas devido ao furto de energia elétrica. Em 2023, os chamados “gatos” provocaram 41 acidentes, resultando em 25 mortes. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) lança uma campanha nacional para conscientizar a população sobre os perigos dessa prática ilegal.
Segundo a Agência Brasil, os números são alarmantes. O furto de energia atingiu 16,9% dos registros em 2023, o maior índice desde 2008. Além disso, o roubo de condutores e equipamentos causou 35 incidentes e 21 óbitos no mesmo período. Esses dados revelam uma tendência preocupante que afeta não apenas a segurança pública, mas também a economia do país.
Marcos Madureira, presidente da Abradee, destaca a magnitude do problema: “O furto de energia hoje no Brasil representaria, se fôssemos fazer uma usina hidrelétrica para abastecer o furto de energia, a segunda no Brasil, só seria menor que Itaipu.” Essa comparação ilustra o impacto devastador dessa prática ilegal no sistema elétrico nacional.
As consequências do furto de energia vão além das estatísticas. O aumento na conta de luz para os consumidores regulares é uma realidade, pois as perdas são distribuídas entre todos os usuários. Além disso, o risco de acidentes cresce significativamente, uma vez que as ligações clandestinas não seguem normas de segurança e sobrecarregam a rede.
A campanha da Abradee visa não apenas alertar sobre os perigos, mas também incentivar a população a denunciar casos suspeitos. “A população tem de estar atenta a isso e indicar para as autoridades um eventual furto de energia, para que se possa ter uma ação adequada a fim de evitar esse tipo de crime”, afirma Madureira.
A distribuição geográfica do problema revela uma concentração na Região Norte, que responde por 46,2% das perdas. Os estados do Amazonas, Amapá, Rio de Janeiro, Pará e Rondônia lideram os índices de furto de energia. O volume de energia furtada seria suficiente para abastecer 14 estados brasileiros, incluindo Amapá, Acre e Roraima.
O combate ao furto de energia requer uma abordagem multifacetada. Além da conscientização da população, são necessários investimentos em tecnologia para detecção de fraudes, fiscalização mais rigorosa e punições mais severas para os infratores. As distribuidoras de energia também têm um papel fundamental na modernização da infraestrutura e no desenvolvimento de sistemas mais seguros e resistentes a fraudes.
A educação é outro aspecto crucial. Muitas pessoas desconhecem os riscos associados às ligações clandestinas, tanto para sua segurança pessoal quanto para a comunidade. Programas educativos nas escolas e campanhas de mídia podem ajudar a disseminar informações sobre o uso responsável e seguro da energia elétrica.
O furto de energia não é apenas um problema técnico ou econômico, mas também uma questão social. Em muitas áreas, a prática está associada à falta de acesso a serviços básicos e à pobreza. Políticas públicas que abordem essas questões subjacentes são fundamentais para uma solução duradoura.
À medida que o Brasil enfrenta esse desafio, a colaboração entre governo, empresas de energia e sociedade civil torna-se essencial. Somente com um esforço conjunto será possível reduzir os acidentes, diminuir as perdas econômicas e garantir um fornecimento de energia seguro e eficiente para todos os brasileiros.