O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (24) que os cartões de crédito apresentam uma taxa de fraudes quatro vezes maior do que o sistema de pagamentos instantâneos Pix. Em evento realizado no Rio de Janeiro sobre tecnologia blockchain, Campos Neto criticou o uso de números absolutos nas análises de fraudes, argumentando que isso cria uma visão distorcida da realidade.
Campos Neto destacou que o Pix registra sete fraudes a cada 100 mil operações, enquanto os cartões de crédito têm uma média de 30 fraudes a cada 100 mil transações. Ele ainda comparou esses números com o sistema equivalente ao Pix no Reino Unido, que tem 100 fraudes a cada 100 mil operações.
O presidente do BC explicou que o aumento no número de fraudes no Pix é um reflexo direto do crescimento do uso do sistema, que recentemente alcançou 224 milhões de transações em um único dia. “É óbvio que, quando o sistema passa a ter um volume tão grande de operações, as fraudes crescem”, comentou Campos Neto. Ele enfatizou a necessidade de analisar os dados com mais precisão para contar a história de forma mais justa.
Um estudo do Banco Mundial, mencionado por Campos Neto, revela que o número de fraudes no Brasil está abaixo da média internacional, reforçando a segurança do Pix. Mesmo assim, ele reconheceu que é essencial continuar aprimorando as medidas de segurança para proteger os usuários.
Em meio a essas discussões, o Banco Central anunciou recentemente a limitação do valor das transações do Pix em dispositivos não cadastrados, uma medida que visa aumentar a segurança das operações. Além disso, o lançamento do Pix Automático, que estava previsto para 2024, foi adiado para junho de 2025.
O debate sobre a segurança do Pix ocorre em um contexto de crescente popularidade do sistema, que tem batido recordes de uso. Para Campos Neto, é crucial que as análises sejam feitas com base em dados proporcionais e não absolutos, permitindo uma compreensão mais precisa da situação real das fraudes no Brasil.