Por Edmundo Polck Fraga (*)
Sinto-me cidadão do Vale do Aço, pois sou natural de Timóteo e residente em Ipatinga desde 1959. Testemunhei o nascimento e crescimento dessas duas comarcas. Antes mesmo de suas emancipações, elas já figuravam no cenário industrial brasileiro, impulsionadas pela instalação das poderosas Usiminas e Aperam (Acesita).
Com a chegada de novos moradores, surgiram naturalmente novas demandas por produtos e serviços, muitas vezes supridas pelo comércio de Coronel Fabriciano, Caratinga, Governador Valadares, Belo Horizonte ou até de outros estados. Com o passar do tempo, essa dependência diminuiu e o cenário mudou com o surgimento de novos empreendimentos, não apenas em Ipatinga, mas em toda a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA).
Como RMVA, somos reconhecidos por nosso alto índice de qualidade de vida (IDH = 0,745), superior ao de Minas Gerais. Possuímos um mercado consumidor estimado em R$ 13 bilhões por ano. Nossa extensão territorial é maior que a de países como Luxemburgo e Singapura, abrigando uma população superior a meio milhão de habitantes.
Nossa logística é diferenciada: através da ferrovia Vitória-Minas passam as riquezas do estado. Somos servidos por duas rodovias federais, BR-458 e BR-381, esta última em processo de duplicação, ligando o Vale do Aço a São Paulo. Nosso aeroporto é o segundo maior do interior, com 1,5 milhão de passageiros por ano. Nossa energia é garantida por cinco subestações com potencial instalado de 330 mil kW, além de um gasoduto com capacidade para transportar dois milhões de metros cúbicos diários entre Belo Horizonte e Belo Oriente. Além disso, nosso comércio varejista é o quinto maior empregador do estado.
Junto a todo esse desenvolvimento, também surgiram desafios. O que mais chama atenção é a situação de Ipatinga, o menor município da RMVA, que já ultrapassa a densidade demográfica de 1.500 habitantes por km², superando cidades como Curitiba, Salvador, João Pessoa e Vitória. Essa realidade acende um alerta, pois nos aproximamos das densidades de capitais como Natal e Rio de Janeiro.
Se nos preocupamos com o futuro de nossa região, precisamos pensar coletivamente, como uma grande orquestra onde todos os instrumentos afinados produzem a melodia necessária para nossa evolução. Aqui, no Vale do Aço, vive um só povo. Nossos problemas regionais precisam ser resolvidos de forma integrada, garantindo eficiência nas necessidades diárias dos cidadãos.
Precisamos atrair novos negócios e gerar mais empregos e renda para a RMVA. Como diz o governador Romeu Zema: “Quem quer bons negócios, vai atrás!”. Já contamos com a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço como um importante instrumento de desenvolvimento integrado, mas é necessária mais agilidade para consolidarmos um “smart valley” no futuro. Isso envolve a utilização de soluções tecnológicas, como sensores, dispositivos IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial (IA).
A tecnologia deve ser empregada para monitorar e gerenciar recursos de forma inteligente. Serviços urbanos como transporte público, segurança e iluminação precisam ser otimizados para melhorar a experiência dos moradores e tornar a região mais funcional e conectada. Nosso foco principal deve ser sempre aumentar a qualidade de vida dos habitantes do Vale do Aço.