Marcelo Dilla (*)
Nas pouco mais de seis décadas em que vivi e sobrevivi, o dia primeiro de abril sempre foi um dia divertido, alegre, cheio de pegadinhas etc. No entanto, o de 2020, este sim, ficará marcado pra sempre como o “primeiro de abril” mais verdadeiro e doloroso da história, pelo menos dentro da minha visão, vivência e medo.
Isto se deu, devido ao fato dos últimos dias de março terem sido confusos e misteriosos, em virtude de que “elementos viróticos” e supostamente chineses, terem desembarcado em inúmeros aeroportos do mundo. Estes elementos “desconhecidos” já haviam matado milhares de seus compatriotas e de posse de um simples passaporte “hospedeiro”, começaram a desembarcar em vários lugares da Terra, numa peregrinação rápida e contínua.
De repente, percebi que já era o dia primeiro de abril. Quase tudo estava fechado por aqui: empresas, escolas, bares, lojas e um tanto de outras atividades suspensas. Mas perguntei pra mim mesmo:
– Isto é realmente um primeiro de abril?
Não sei qual foi minha reação na hora, pois mineiro que é mineiro, acredita em assombração, mas também desconfia de quase tudo, senão, de tudo mesmo. As notícias depois deste “primeiro de abril”, começaram à circular de forma aterrorizante pelas mídias. Os governantes não se entendiam, batiam cabeça, e a invasão causada pelos “elementos viróticos” por aqui já estava sem controle, era uma realidade.
Estes invasores se espalharam praticamente por todos os lugares, como atiradores de elite, os famosos “Snipers” – aquele que você não vê, mas que tem você na mira dele o tempo todo. Isso me lembrou em muito, a famosa “invasão da Normandia” durante a Segunda Guerra Mundial, pois quem estava lá não via e nem sabia, de onde e nem de que lado a morte chegaria, por mais protegido e seguro que se sentisse. Estes “elementos viróticos” são verdadeiros atiradores Snipers, e os nossos governantes são aqueles comandantes, que longe da batalha ficam batendo cabeça entre si na busca de uma solução, sem chegar à nenhum acordo que possa “frear” a grande perda de seus soldados. Mas enfim, tudo isso em vão.
Na verdade e na minha opinião, a invasão dos “elementos viróticos” se transformou (na tão esperada por décadas), Terceira Guerra Mundial, porém, sem ter sido disparado nenhum tiro sequer. O pior é que não tem como fugir de um país para outro, como milhões de pessoas fizeram durante a Segunda Guerra. Esta guerra atual, está em todos os lugares: não tem como ir e nem como voltar.
Volto então ao “primeiro de abril” e me pergunto novamente:
– Isto está acontecendo mesmo? Sim, está!
É mesmo como uma guerra, da qual muitos não podem nem ver ou abraçar um ente querido que está longe, ou que está hospitalizado por esta ou qualquer outra doença. Assim é feito como numa grande guerra, que quando acaba, traz como resultado um alto número de mortos e um maior ainda de sobreviventes traumatizados – que quando sentirem uma simples febre, vão achar que a “guerra” ainda continua. Por outro lado, não podemos nos esquecer, que muitos destes nossos “comandantes” nesta guerra, em breve irão se candidatar pela primeira vez ou mesmo para se reelegerem no cargo, como fizeram quase todos comandantes após a Segunda Guerra Mundial. Mas serão eles e apenas eles, que irão receber as medalhas e os louros da vitória?
Os soldados, as equipes médicas sobreviventes e outros tantos lutadores, serão apenas uma página virada, de um “primeiro de abril” que talvez tenha sido, o “único realmente verdadeiro dentre tantas mentiras!
(*) Marcelo Dilla é escritor, cronista, vocalista, guitarrista e líder da banda Creedence Cover Brasil