Apesar da queda histórica nas vendas de veículos em 2020, em decorrência da pandemia de Covid-19, montadoras e fornecedores já se preparam para o reaquecimento dos negócios no pós-crise. É o caso da fabricante de autopeças italiana Tiberina, que tem diversas plantas pelo mundo, com uma de suas duas unidades brasileiras instalada em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com a Agência Minas, a empresa mantém o plano de expansão iniciado no final de 2019, e que se estenderá até 2023, com estimativa de R$ 137 milhões em novos investimentos. Para o secretário adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Fernando Passalio, esse investimento vai ser muito importante para o local, além dos 130 empregos de qualidade que serão gerados.
“Essa expansão que a empresa Tiberina está promovendo aqui em Minas Gerais, especificamente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mostra a solidificação da presença dela aqui no estado e a confiança que os empresários têm em nosso governo”, afirma.
Até o momento, já foram aplicados R$ 65 milhões na ampliação das instalações e na aquisição de máquinas e equipamentos para possibilitar o fornecimento de peças para diversos novos projetos, principalmente focados nas unidades da Fiat de Minas e de Pernambuco. Entre eles, apenas a nova Fiat Strada chegou a demandar da Tiberina trabalho em três turnos, ou seja, 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana. Com o crescimento, serão criados mais 90 postos de trabalho. Atualmente, a empresa gera 400 empregos diretos.
MERCADO
De acordo com o COO da Tiberina, Gianluca Barban, a empresa fornece 100% dos conjuntos soldados de chassis, longarinas e suspensões para a produção dos veículos Jeep e 91% desses itens para a produção da Fiat. Também está envolvida nos planos para a futura produção de dois SUV’s (veículo utilitário esportivo) que sairão da fábrica com a marca Fiat.
“Naturalmente que todos os mercados foram impactados neste ano. Mas nós estamos muito ligados às estratégias da Fiat, visando os mercados pós-pandemia, ou seja, a longo prazo. E o Brasil têm oportunidades gigantes no mercado que atuamos, principalmente devido à presença de todos os grandes players do setor automotivo que já são nossos clientes em outros países. Nós acreditamos e estamos atentos a todas essas oportunidades”, disse Barban.
Ele ainda destacou o papel da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), assegurando a agilidade e a viabilidade dos investimentos. “A agência teve um papel fundamental para implementarmos as medidas de expansão. Principalmente por agilizar os trâmites burocráticos, que muitas vezes travam nossas ações. O Indi nos abriu as portas para que conseguíssemos realizar nosso trabalho. Foi e continua sendo um apoio muito precioso”, afirmou.
APOIO
O Indi vem acompanhando o processo de expansão da Tiberina desde o início. A analista de promoção de investimentos da Agência, Josiane Faleiro, lembra que o desafio foi grande, principalmente em função dos prazos que a empresa tinha para cumprir seus compromissos de atendimento às demandas da Fiat.
“Atuamos, em especial, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) no sentido de orientar quanto aos procedimentos para obtenção de licenciamento, que era a principal demanda para expansão da unidade. Felizmente conseguimos fazer com que os prazos fossem atendidos”, exemplificou.
Josiane reforçou ainda a importância da iniciativa para o desenvolvimento da região. “Inquestionavelmente é um investimento muito relevante, que irá auxiliar o município, não só em relação à arrecadação e à geração de empregos, mas também para fortalecer toda a cadeia automotiva do estado”, observou.
DESENVOLVIMENTO
Por um lado, investimentos como o da Tiberina, em Minas Gerais, ajudam a melhorar os indicadores socioeconômicos do estado. Mas por trás desses números a mudança maior ocorre na vida das pessoas. É o caso do recém-contratado operador de máquinas Julian Leonardo de Freitas, de 34 anos. Há dois meses na companhia, a oportunidade de trabalho deu um novo sentido à sua vida.
Ele recorda ter sido em 2016 a última vez que trabalhou de carteira assinada. Desde então, vinha prestando serviços autônomos na área de esporte e lazer. No entanto, com a pandemia, viu os clientes sumirem e as perspectivas profissionais ficarem cada vez piores. O operador de máquinas – que soube da vaga por um primo que já trabalhava na empresa – relembra ter vivido dias de incerteza profissional durante a pandemia, vendo um grande número de demissões não apenas em Juatuba, onde reside, mas na região.
“Sair do desemprego muda a vida de qualquer um. Agora eu tenho um trabalho sólido que me dá a segurança e tranquilidade que eu não tinha há um bom tempo. Fui contratado por uma empresa séria e que oferece perspectivas de crescimento. Só tenho motivos para comemorar”, disse.
A EMPRESA
A Tiberina nasceu na década de 1960, na Úmbria, região da Itália, por iniciativa de três famílias. Hoje realiza a moldagem a frio e a quente de estruturas em chapas de metal para a indústria automotiva e a soldagem de componentes moldados. Além da Fiat/FCA, principal cliente, também atende a Iveco, Mercedes-Benz, BMW, Maserati, Volkswagen e GM. Atualmente, está presente em sete países, incluindo Europa, América Latina e Estados Unidos.
Em 2019, a companhia atingiu um volume de negócios de 980 milhões de euros, com um total de mais de 3 mil funcionários, 19 fábricas, além de duas fábricas parceiras, três centros técnicos, um centro de protótipos e o Tiberina Solution Center. Na América Latina, a empresa mantém uma fábrica em Córdoba, na Argentina, e duas no Brasil: em Juatuba e em Pernambuco.