Marcelo Dilla (*)
Antes de abordar este tema, lembro que “ninguém” ainda sabe ao certo o dia exato em que Jesus nasceu, pois, romanos mudaram o calendário algumas vezes antes de seu nascimento. Com isso, houve uma diferença real de tempo, entre três e quatro anos. O dia é uma incógnita, mas o provável mês de nascimento de Jesus seria agosto.
Sobre a crucificação de Jesus Cristo, também existe um outro fato bem curioso. Ao que tudo indica, com a real diferença de tempo causada pelos romanos no calendário, Jesus “morreu” com 36 ou 37 anos, e não com 33 anos como é citado até hoje.
O detalhe sobre essas datas, foi registrado pelo antigo historiador judeu/romano Flavius Josephus e é confirmada por outros historiadores romanos daquela época, em seus manuscritos. É importante lembrar, que há alguns anos, o próprio Papa Bento XVI, tinha conhecimento desta “diferença de tempo”. O papa chegou até a analisar uma possível alteração, mas concluiu que seria muito difícil mudar um fato histórico após mais de dois mil anos.
Ainda falando sobre a ‘ressurreição de Jesus’, o fato é recheado de mistérios. Foi lançado, em 2016, um filme (acessível pela Netflix) intitulado “Ressurreição”. A produção mostra a visão perturbadora dos romanos, naqueles dias após a crucificação de Cristo, os quais mudaram o rumo da humanidade.
Pôncio Pilatos, o governador romano da Judéia com sede em Jerusalém, perturbado com as notícias que circulavam dizendo que em três dias, Jesus iria “voltar dos mortos”, ordenou uma “investigação minuciosa”, talvez, a primeira e a maior (guardada as proporções de época). A “volta de Jesus”, poderia significar o fim do Império Romano na Judéia. Essa investigação de Pilatos, foi pressionada pelo Sinédrio (formado por escribas e anciões do templo) e também, pela visita que receberia alguns dias depois da crucificação de Jesus, do Imperador Romano Augustus, preocupado com as constantes rebeliões dos judeus na região.
Desesperado pela “pressão” política e religiosa em que se encontrava, Pilatos escolheu como investigador para o ‘caso Jesus’, o seu melhor e mais confiável tribuno: Clavius, um militar brilhante, inteligente e além de tudo, agnóstico e cético. O tribuno era um homem dotado de muitas qualidades e que poderia resolver a situação em poucos dias, sem dizer, que ele mesmo esteve presente à crucificação e morte de Jesus, no Monte Calvário.
A primeira providência do investigador Clavius foi ir no sábado, acompanhado por escribas do Sinédrio, à tumba na qual foi depositada o corpo de Jesus. Os escribas queriam “garantias”, que a gigante pedra que protegia o sepulcro de Jesus não fosse violada por seus seguidores, que anunciavam sua volta em três dias. O tribuno analisou bem a referida pedra e concluiu que a mesma estava segura e bem lacrada. Ainda assim e, por pressão dos escribas, Clavius ordenou que guardas romanos vigiassem a tumba por todo dia e noite até o domingo, data prevista para a “ressurreição”.
Logo após essa visita, o tribuno se encontrou com Pilatos e deu sua total garantia sobre a segurança da tumba que guardava o corpo de Jesus. Tudo em vão, pois na manhã do domingo, por volta das 7h, Clavius foi acordado por ordem do governador da Judéia e comunicado que a tumba havia sido violada e o corpo de Jesus desaparecido.
Começou, então, uma grande correria em Jerusalém, pois o imperador Augustus chegaria em poucos dias. A pressão sobre o tribuno Clavius aumentou, tanto por parte de Pilatos, quanto por parte dos escribas do Sinédrio, que não admitiam sob nenhum argumento, os ‘boatos’ que anunciavam a volta de Jesus.
O primeiro local onde obviamente Clavius foi verificar, era a pedra da tumba. Para a sua surpresa, ele notou que as inúmeras cordas trançadas não foram cortadas por nenhum objeto, e sim “estouradas”, o que já era um indício de quão misteriosa seria aquela investigação.
Acreditando que o corpo de Jesus havia sido “roubado”, o investigador romano emitiu ordem urgente, para que fossem desenterrados os inúmeros corpos de judeus mortos por crucificação naqueles dias, até mesmo, para que ele tentasse reconhecer o de Jesus.
Clavius assistiu pessoalmente a crucificação, e lembrava claramente da perfuração por lança no tórax de Jesus, coisa que os outros corpos não possuíam. Após desenterrar dezenas de corpos e conferir um a um, o tribuno não encontrou o corpo do líder cristão.
Para piorar as coisas, os soldados, que guardavam a entrada da tumba, relataram em seus depoimentos, que ouviram um tremor de terra seguido por um imenso clarão, pouco antes do nascer do sol no terceiro dia (domingo), ficando eles (os soldados), temporariamente sem visão.
O próximo alvo do investigador era interrogar seguidores próximos a Jesus. Através de informantes pagos, Clavius chegou a dois depoentes: Maria Madalena e o apóstolo Bartolomeu. Os depoimentos separados de ambos confundiram ainda mais a cabeça do tribuno.
Clavius continuava sendo bastante pressionado. A todo instante tinha que dar satisfação aos dois lados preocupados com o “sumiço” do corpo do grande Mestre dos cristãos. Com o tempo já acabando e nada de encontrar o corpo do crucificado, Clavius sugeriu a Pilatos que fosse colocado no pátio do palácio, quando da chegada do Imperador Augustus, um corpo qualquer de judeu morto por crucificação.
Então foi enviado para o palácio de Pilatos, um corpo em decomposição para se passar pelo Jesus, para que o imperador Augustus pudesse vê-lo e acreditar na volta da tranquilidade na Judéia. Contudo, após a rápida visita do imperador romano, os escribas judeus continuaram pressionando Pilatos, sobre o “paradeiro” do corpo do Mestre. Foi quando Clavius abandonou o caso, devido ao cansaço e aos inúmeros mistérios envolvidos durante toda a investigação, e que não logrou em nenhum êxito.
Mais algumas informações “históricas” sobre Jesus. Há 99% de chances de o dia da crucificação de Jesus Cristo ter ocorrido em 7 de abril e a sua ressurreição no dia 9. O ano seria 30 dC (depois de Cristo). No entanto, ainda existe a confusão do calendário causada pelos romanos, fazendo com que o ano na verdade, seja o ano 33 ou 34 dC. Pilatos cometeu suicídio cinco anos depois da crucificação de Cristo, e seu sucessor foi o meu xará “Marcelo”, com alta patente militar romana e que havia chefiado a guarnição que crucificou Jesus. Marcelo governou a Judéia menos de um ano e abdicou do cargo. Não existem registros sobre os motivos.
Por isso, sendo crente ou não, a narrativa da história da crucificação e ressureição de Jesus Cristo permanece até hoje envolvida de mistérios.
(*) Marcelo Dilla é cronista, guitarrista e vocalista da banda Creedence Cover