Marcelo Dilla (*)
Há quase 42 anos, no dia 18 de novembro de 1978, uma tragédia horrorizou o mundo: um suicídio coletivo, comandado pelo norte-americano James Warren Jones (1931-1978), conhecido como ‘Pastor Jim Jones’. Ele era o criador e líder da seita cristã/socialista Templo do Povo. O número de mortos foi de 920 pessoas, incluindo o próprio Jones.
Todos morreram da América do Sul, no acampamento-fazenda batizado de Jonestown, na Guiana, após ingerirem veneno com suco de frutas. Alguns dos fiéis que perceberam a “trama diabólica” da morte e tentaram fugir, morreram baleados pelos capangas de Jim Jones.
O que nem todos sabem é que, para contar a história desse “líder messiânico”, é preciso passar por Belo Horizonte. Dezesseis anos antes da tragédia, Jim Jones morou (provisoriamente) no Bairro Santo Antônio, na então pacata Região Centro-Sul de BH.
A decisão de Jones de morar na capital mineira partiu da premissa que BH, cercada por montanhas de minério e distante do mar, foi considerada, no início da década de 1960, pela CIA e por cientistas militares do Exército dos EUA, como uma das nove cidades do planeta mais seguras para se proteger de um suposto apocalipse nuclear. Naquela época, o mundo vivia em pleno auge da guerra fria entre EUA e a antiga União Soviética.
Segundo artigo publicado pela revista americana ‘Esquire’, em janeiro de 1962, Jim Jones começou com a sua igreja nos anos 50, no Estado de Indiana, nos EUA. Aproveitando a tensão da guerra fria, ele pregava que o fim do mundo seria causado pelas armas atômicas.
Logo, o pastor começou a ser investigado pelo FBI, o que acabou sendo motivo para que ele iniciasse a sua igreja fora dos EUA. Em razão disso, ele veio conhecer Belo Horizonte de perto. Depois de passar um ano em Minas Gerais, Jim Jones voltou aos EUA. Como estava sendo muito vigiado em Indiana, ele se mudou para a Califórnia em meados dos anos 60, onde havia uma “revolução cultural e social”.
Suas intenções diabólicas, inclusive de escravizar seus fiéis, fez com que as autoridades policiais da Califórnia, começassem a persegui-lo também. Sem ter muito tempo a perder, Jim Jones conseguiu um lugar para alavancar sua igreja: uma grande fazenda batizada de “Jonestown”, a 35 km de Georgetown, capital da Guiana. Foi lá, depois de alguns anos onde pregava para seus (escravos) fiéis, que Jim Jones programou e promoveu o maior suicídio coletivo dos tempos modernos.
Ainda bem que Jim Jones não ficou em definitivo em Minas Gerais. Talvez, poderíamos ter tido mais uma grande tragédia humana; e com um número de mortos bem maior do que as tragédias de Mariana, Brumadinho e da Gameleira juntas.
(*) Marcelo Dilla é cronista, escritor, guitarrista e vocalista da banda Creedence Cover