Por Cleuzany Lott (*)
Até outubro deste ano os recenseadores do IBGE devem visitar os domicílios para a realização do Censo Demográfico 2022. Síndicos, gestores e administradoras de condomínios receberam informações sobre a identificação dos entrevistadores e o pedido de apoio para facilitar o acesso deles aos residenciais.
Até aqui tudo bem, afinal, a cada década passamos por esse levantamento de dados – este ano com atraso por conta da pandemia.
Porém, há uma preocupação diferente com relação ao último censo: a internet. Ou melhor, o mau uso da rede mundial de computadores.
Em 2010 a internet era desconhecida para a maioria. O Orkut era novidade, WhatsApp era MSN, Twitter era blogger, instagram era Flogão e Spotify era LimeWire, sem contar que a internet mais usada era discada e a conexão de 600kbps, caía a todo momento.
Contudo, diferentemente de 2010, quando 31% dos acessos à internet eram feitos nas lan houses, 27% nas residências, 25% nas casas de parentes e amigos, 12% no trabalho e 11% na escola ou faculdade, conforme apurou o site “O Jornalista”, hoje o acesso é em qualquer lugar, graças aos smartphones e outros dispositivos.
Entre as mensagens encaminhadas pelo aplicativo estão os alertas sobre golpes, geralmente seguidos das imagens de pessoas supostamente envolvidas com alguma irregularidade.
É comum os recenseadores marcarem as visitas para a noite ou fim de semana. O horário diferente pode criar oportunidade para pessoas mal intencionadas, bem como levar algum morador a acreditar que está sendo vítima de golpistas e compartilhar as imagens dos entrevistadores nos grupos de WhatsApp, como alerta aos demais.
O próprio síndico, no intuito de colaborar com os moradores ou com a vizinhança, poderá cometer o erro de liberar as imagens de monitoramento, levando o condomínio ao risco de processo por divulgação indevida de imagens.
A segurança nunca deve ser ignorada, diante do risco de indução ao erro, e tanto moradores quanto síndicos devem confirmar os dados dos recenseadores todas as vezes em que receberem a visita do pesquisador através do site respondendo.ibge.gov.br; clicar na opção “verifique a identidade do entrevistador”; digitar o número da matrícula presente no crachá do funcionário.
Se a pessoa estiver sem o crachá, também é possível consultar pelo CPF ou pelo RG. Em caso de dúvidas, é possível entrar em contato com o IBGE pelo número 0800-7218181.
Quanto a ceder as imagens captadas pelos equipamentos do condomínio, lembre-se de que gravações não devem ser usadas para fins pessoais ou particulares, salvo por ordem judicial ou quando solicitadas oficialmente por delegado ou órgão competente em razão de inquérito policial ou judicial.
(*) Cleuzany Lott é advogada, especialista em direito condominial, síndica, jornalista, publicitária e diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM).