O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), está investigando a Rede Globo em razão de denúncias de racismo contra o elenco da novela Nos Tempos do Imperador. Até o momento, cerca de oito pessoas do núcleo de dramaturgia da emissora, incluindo diretores e produtores, foram intimados a prestar depoimento.
Segundo as denúncias, encabeçadas pelas atrizes Roberta Rodrigues e Dani Ornellas, todo o elenco negro da novela teria sofrido diferença de tratamento e atos de racismo no desenrolar das gravações da trama. Há queixas de que atores negros estariam recebendo salários inferiores em relação aos de artistas brancos que desempenham os mesmos trabalhos. Entre eles, estaria também o caso de uma atriz com décadas de experiência que relatou receber menor remuneração que suas colegas brancas iniciantes na carreira e que apareceram em poucos momentos da novela.
Ainda de acordo com as reclamações, o ex-diretor artístico da novela Vinicius Coimbra teria dito que seus dirigentes sabiam das supostas práticas racistas no estúdio. Coimbra foi demitido em março de 2022. No entanto, o motivo pontuado pela emissora teria sido assédio moral, não racismo, segundo alegou a defesa dele.
Em entrevista à revista Veja, uma fonte da produção contou que Vinicius teria usado palavras agressivas nas filmagens por inúmeras vezes. Em uma delas, ele teria declarado: “Elenco pra esse lado, negros para o outro lado”. Quando uma das atrizes questionou para que lado ela iria, sendo negra e do elenco, ele a teria ignorado.
Em nota, a Rede Globo alegou desconhecer a investigação. A emissora também pontuou não tolerar casos de racismo dentro da empresa.
– A fim de manter seu ambiente corporativo livre de discriminação, a empresa conta com um sistema de compliance atuante, com treinamentos de conscientização frequentes de seus colaboradores e um código de ética que proíbe a discriminação e pune severamente as violações apuradas – assinalou.
Além das denúncias de preconceito racial dentro do set, a própria trama da novela foi criticada por supostamente “romantizar a escravidão” e trazer erros históricos em seu texto. Entre as polêmicas levantadas, estava um caso de racismo reverso, quando a mocinha, Pilar (Gabriela Medvedovski), sugere ter sofrido preconceito por ter a pele branca.
Em razão da repercussão negativa, a autora Thereza Falcão se desculpou pelo que ela chamou de “erro grosseiro”. Além disso, o roteiro da trama passou a ser submetido ao crivo do pesquisador de cultura afro-brasileira, Nei Lopes. Diversas cenas tiveram que ser reeditadas ou até mesmo gravadas de novo.
Com informações de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo/Pleno.News