A primeira pesquisa eleitoral de 2022 para o cargo de presidente da República, publicada por diversos veículos de imprensa nesta quarta-feira (12), aponta um cenário amplamente favorável ao ex-presidente Lula. Com 45% das intenções de voto, quatro pontos a mais do que os concorrentes somados, a análise indica que o petista poderia vencer já em primeiro turno.
Longe de ser novidade que pesquisas recentes indiquem um cenário pró-Lula, o que é de se questionar, porém, é sobre quem seriam os responsáveis por financiar tais consultas. Com o início do ano eleitoral, passou a ser obrigatório que as pesquisas sejam registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicando, entre as informações, quem paga pelos estudos.
E foi com base nessas informações que o Pleno.News, por meio do cruzamento de dados divulgados nos sites do TSE, da Receita Federal e do Portal da Transparência, descobriu que o pagador da primeira pesquisa do ano é uma instituição bancária que já foi citada em uma delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, realizada em 2017, enquanto ele estava preso acusado de ser operador de propinas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
DELAÇÃO PREMIADA CITA BANCO BRASIL PLURAL
Em agosto de 2017, quando ainda estava detido no Presídio da Papuda, em Brasília, Funaro prestou um depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), em delação premiada no âmbito da Operação Greenfield, onde apontava diversas fraudes na administração de vários fundos de pensão.
Na ocasião, entre as informações, Funaro citou o que chamou de “casos estranhos” envolvendo o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade privada e sem fins lucrativos que funciona como proteção aos investidores que colocam seu dinheiro em instituições financeiras associadas a ele, e disse que nos tais casos estaria envolvida uma instituição financeira chamada Brasil Plural.
RELAÇÃO ENTRE O BRASIL PLURAL E A PESQUISA ENVOLVENDO LULA
A conexão entre o banco Brasil Plural e a pesquisa eleitoral que aponta a ampla liderança do petista pode ser comprovada a partir da ligação dos dados divulgados pelo TSE com as informações relativas à instituição financeira presentes tanto no site da Receita Federal quanto no Portal da Transparência da União.
No registro da pesquisa divulgada nesta quarta, cujo número de identificação é BR-00075/2022, realizada pela Quaest Pesquisas, Consultoria e Projetos, consta que o responsável pelo pagamento da consulta é uma instituição financeira de nome Banco Genial S.A. O valor, que está presente na nota fiscal disponível no site do TSE, é de R$ 268.742,48 por pesquisas eleitorais a serem feitas entre 01 de junho de 2021 e 31 de outubro de 2022.
Em uma primeira vista, parece não existir qualquer relação entre o banco citado por Funaro na delação, o Brasil Plural, e o pagador da pesquisa, o Banco Genial. Entretanto, o que ocorre é que as duas instituições são a mesma empresa, com o mesmo CNPJ, tendo apenas nomes diferentes. Tal informação pode ser confirmada por meio do Portal da Transparência da União, através do histórico de nomes do banco, e pelo registro da empresa na Receita Federal, onde o e-mail declarado remete ao Banco Plural, outro nome da empresa.
POLÊMICA DO BANCO BRASIL PLURAL ENVOLVENDO GOVERNADOR PETISTA
Em 2019, o então deputado estadual Gustavo Neiva (PSB), do Piauí, afirmou que o Brasil Plural não possuía sequer de um terço dos R$ 2,7 bilhões que o governo do Estado, administrado pelo petista Wellington Dias, pretendia contratar de empréstimo junto à instituição. Na ocasião, segundo o parlamentar, todo o patrimônio do banco era de apenas R$ 767,1 milhões.
Segundo Neiva, no ano de 2017, de acordo com os dados do balanço apresentado ao Banco Central na época, o Banco Brasil Plural teve um prejuízo de R$ 20 milhões, que, em 2018, subiu para R$ 20,1 milhões.
“Como pode um banco que tem prejuízo, ano após ano, querer emprestar dinheiro ao Piauí?”, indagou o deputado.
Na época, Neiva também lembrou que o banco havia sido citado por Funaro em delação e questionou por qual motivo a gestão petista não havia escolhido bancos conhecidos e conceituados como o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal.
“Precisamos saber onde estamos nos metendo. Se o Piauí tem conceito B no Tesouro Nacional, se tem condições de pedir empréstimos, porque não foram buscados bancos sérios e conhecidos, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Santander, o Itaú ou mesmo bancos internacionais? Teve que ir atrás de um banquinho que ninguém conhece”, declarou.
Por fim, o parlamentar citou uma denúncia do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo dando conta que as operações do Banco Plural causaram prejuízos ao Fundo de Previdência da Caixa Econômica Federal (Funcep), ao qual, segundo Neiva na ocasião, o governador Wellington Dias estava vinculado como economiário aposentado.
“Essa Casa e a sociedade tem o direito de saber como o governo achou esse Brasil Plural, que tem envolvimento com a Lava Jato”, completou.
Fonte: Pleno.News