A Campanha Janeiro Branco traz à tona o cuidado e a atenção com a saúde da mente. “Depois de mais de dois anos de pandemia do novo coronavírus, a reflexão sobre a saúde mental é ainda mais importante e urgente. A humanidade tem vivido um carrossel de emoções nos últimos tempos, ficou obrigada a se isolar, passou pelo medo da morte, perdeu pessoas queridas, comemorou a chegada da vacina, viu novas cepas surgirem e mais recentemente, tem visto o número de casos covid crescer novamente. Isso, com certeza, mexe com o emocional de muita gente e deve ser tratado com cuidado e atenção”, explica o psiquiatra da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Thiago Rodrigo Fernandes da Silva.
Mas como saber como está a saúde mental de uma pessoa? Segundo o psiquiatra, é preciso distinguir o que é apenas uma tristeza de um sofrimento profundo que leve a doenças mentais, como a depressão. “Alterações negativas não querem dizer que uma pessoa está necessariamente doente. Ficar triste porque perdeu um amigo, esteja passando por um problema financeiro ou alguém faleceu ou mesmo alegre demais por notícias boas são sentimentos que fazem parte da vida. Euforia e tristeza. É preciso perceber quando começa a ficar persistente e esteja levando a prejuízos e sofrimentos constantes”.
O médico explica que alguns dos sinais de alerta estão a agressividade que dura vários dias, perda de sono, a pessoa acorda várias vezes à noite, dificuldade para interagir, desânimo, choro fácil e desmotivação. “Acontece que nem sempre a pessoa busca ajuda. Ela acha que pode lidar com tudo isso sozinha e nessa hora é fundamental o papel de quem está próximo, um amigo, um parente para lhe incentivar na procura de um profissional especialista como um psiquiatra ou psicólogo”.
ESTILO DE VIDA
A saúde mental abrange tanto o bem-estar físico, quanto o emocional e a interação com o social, explica o psiquiatra. “Estar bem mentalmente engloba uma série de coisas. Mas podemos dizer que é estar bem consigo mesmo, com seu corpo e se relacionar de forma leve e agradável com as pessoas”.
A saúde mental também está ligada ao estilo de vida das pessoas, afirma o psiquiatra. “O cérebro é um órgão e assim como outras partes do nosso corpo ele precisa de atenção e cuidado. O estilo de vida é fundamental para prevenir os transtornos mentais. Não existe um fator apenas, mas uma série deles, que sejam genéticos, biológicos ou até ambientais que podem desencadear problemas mentais”. E acrescenta. “Um indivíduo pode ter uma genética favorável a ser ansioso, depressivo, mas talvez nunca manifestasse se ele estivesse em um ambiente tranquilo, mas se estiver em um ambiente opressor, ou numa relação tóxica e se o estilo de vida for excessivo, essas questões podem fazer com que esses genes despertem e desencadeiam um processo de transtorno mental”.
A sobrecarga no trabalho, o corre-corre diário, as relações conflituosas podem provocar essas alterações. “Além de fazer o que gosta é preciso cuidar da mente com boa alimentação, atividades físicas, lazer, espiritualidade e tempo para se relacionar com família e amigos. Tudo isso faz parte do estilo de vida adequado ao bem-estar emocional e físico”, conclui.
A qualidade de vida faz com que as pessoas vivam melhor. “Tendo essa qualidade, o indivíduo rende mais e melhor no trabalho, se relaciona com mais leveza com as pessoas e vive uma vida bem mais feliz. Eu sempre aconselho a viver bem, sem estigmas e paradigmas. Se precisar de um ajuste, procure um médico. Esse será um momento de contar tudo o que se passa com essa pessoa. Ela será avaliada e tratada. Quem vive sua vida é você. Não se importe com opiniões negativas. O importante é fazer da sua vida uma vida feliz e saudável”, conclui.