Os cientistas realizaram uma expedição ao Oceano Pacífico entre os dias 14 e 28 de junho deste ano para coletar esférulas resultantes do impacto do meteorito, denominado IM1. A análise, ainda não revisada por pares, foi divulgada na plataforma de pré-publicações arXiv.org.
Embora tenha caído na costa da Papua Nova Guiné no ano de 2014, foi somente em 2022 que o Comando Espacial dos Estados Unidos emitiu um memorando à Nasa confirmando, com 99,9% de confiança, que o IM1 se tratava de um objeto interestelar.
De acordo com um artigo publicado por Loeb em sua página virtual, a equipe coletou cerca de 700 esférulas com diâmetro de 0,05 a 1,3 milímetro e, até o momento, foi concluída a análise inicial de 57 delas. As expedições cobriram uma área de 10 quilômetros.
ANÁLISE INICIAL
Um dos fatores observados pelos cientistas foi a composição dos fragmentos. Segundo o estudo, uma fração significativa da amostra possui abundância dos elementos berílio (Be), lantânio (La) e urânio (U) — em um padrão discrepante do encontrado nos ambientes do sistema solar.
“As abundâncias medidas de elementos pesados além do lantânio estão consistentemente muito além daquelas do padrão do sistema solar de condritos CI, sugerindo que as esférulas “BeLaU” [berílio, lantânio e urânio] se originaram de fora do sistema solar”, diz o texto compartilhado pelo astrofísico.
Os pesquisadores sugerem que é possível que o meteoro IM1 tenha como origem a “crosta diferenciada de um exoplaneta com um núcleo de ferro e um oceano de magma”.
Eles acreditam ainda que, antes de entrar no sistema solar, o meteoro estava em uma velocidade de 60 km/s (o equivalente a 216.000 km/h) em relação ao sistema local de repouso da Via Láctea, mais rápido que 95% de todas as estrelas na vizinhança do Sol.
Além disso, o fato de ter preservado sua integridade em uma velocidade de impacto de 45 quilômetros por segundo até uma altitude de 17 quilômetros acima do Oceano Pacífico sugeria a alta resistência dos materiais que compunham objeto.
Sem apresentar provas para essa teoria, Loeb afirma ainda que objetos interestelares podem ter origem artificial, ou seja, de civilizações extraterrestres.
“Encontrar a primeira e a segunda formigas em uma cozinha é alarmante porque implica muito mais formigas por aí. Uma taxa de detecção aleatória de uma vez por década para objetos interestelares do tamanho de um metro implica que alguns milhões desses objetos residem na órbita da Terra em torno do Sol em um determinado momento. Alguns deles podem representar lixo espacial tecnológico de outras civilizações”, escreveu.