Após uma vitória acachapante, Javier Milei, do Partido Libertário, começou a dar seus primeiros detalhes como presidente eleito da Argentina. Em entrevistas às rádios Continental, Mitre e Rivadavia, ele falou sobre estoques de dólares, inflação, governabilidade e o papel de Fátima Flórez, sua sócia.
Economista, Milei se caracteriza por ser um candidato antissistema num país abalado por uma grave crise econômica, onde a inflação chegou a 142,7% nos 12 meses terminados em outubro. Ele promete dolarizar a economia e extinguir o Banco Central argentino para acabar com a inflação, mas amenizou outras promessas no segundo turno, prometendo não privatizar a saúde e as escolas públicas.
ESTOQUES DE DÓLARES
O primeiro passo, segundo Milei, é resolver o problema dos leliqs, os títulos de dívida emitidos pelo Banco Central da Argentina. “Se você não fizer isso e abrir a armadilha, terá hiperinflação”, disse ele. “Temos um plano claro de como resolver isso, então nesse sentido estamos confiantes”.
INFLAÇÃO
Para combater a inflação, Milei disse que cortará a emissão monetária. “A evidência empírica para o caso argentino diz que se você cortar a emissão monetária hoje, esse processo leva entre 18 e 24 meses para destruí-la e trazê-la aos níveis internacionais mais baixos”, disse ele.
GOVERNABILIDADE
Milei disse que está disposto a trabalhar com aqueles que abraçam as ideias de liberdade. “Dentro da PJ há partes que estão dispostas a fazê-lo”, disse ele. “Vamos receber todos”.
PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE
Milei negou que planeja privatizar a educação e a saúde. “O sistema argentino é federal”, disse ele. “Nem a Educação nem a Saúde podem ser privatizadas porque estão ao nível provincial”.
FECHAMENTO DO BANCO CENTRAL
Milei disse que o fechamento do Banco Central é um slogan moral. “Para nós roubar é errado”, disse ele. “A dolarização é a moeda em que se faz isso, mas o eixo central é fechar o BCRA, então a moeda será aquela que os argentinos escolherem livremente”.
AJUSTE FISCAL
Milei disse que é inevitável um ajuste fiscal, mas que ele será feito de forma a minimizar os danos à sociedade. “A casta política sempre decidiu que o povo pagaria por isso”, disse ele. “Nós dizemos que a casta política com os seus parceiros terão que pagar por isso”.
PROGRAMA COM O FMI
Milei disse que o programa com o FMI está em baixa porque a meta de déficit primário de 1,9% do PIB é muito alta. “É essencial que isso seja corrigido o mais rápido possível”, disse ele.
POSSÍVEIS CONFLITOS SOCIAIS
Milei disse que governará com a lei. “Aqui a lei é cumprida”, disse ele. “Quem quiser manter seus privilégios com métodos violentos não vai ter os privilégios e se eles estiverem fora da lei receberão as penalidades pertinentes”.
COMPOSIÇÃO DO GABINETE
Milei disse que seu gabinete terá 8 ministros. Entre os nomes que ele já divulgou estão Mariano Cúneo Libarona (Justiça), Federico Sturzenegger (Economia), Victoria Villarruel (Segurança e Defesa) e Sandra Petovello (Saúde).
FÁTIMA FLÓREZ
Milei disse que Fátima Flórez, sua sócia, continuará com sua carreira artística. “A nossa posição é que o trabalho é feito, que a riqueza é gerada a partir do setor privado”, disse ele. “Para mim, Fátima é uma mulher brilhante, para além da minha ligação pessoal”.
RETENÇÕES
Milei disse que pretende eliminar as retenções, mas que para isso é essencial reabrir o mercado cambial. “Só se pode fazer isso resolvendo o problema do balanço do Banco Central em termos de leliqs”, disse ele.