Em atenção aos cuidados com a saúde masculina, a campanha do Novembro Azul segue, anualmente, com o propósito de promover a conscientização dos homens sobre a importância de cuidarem da saúde, na promoção da prevenção de doenças, em especial ao câncer de próstata. Para os especialistas, apesar de todas as ações dedicadas à causa, o enfrentamento às estatísticas relacionadas a doença ainda é um desafio no Brasil.
Segundo o urologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Wagner Corrêa, o Novembro Azul foi criado no Brasil com o intuito de estimular uma mudança cultural de visitas dos homens aos médicos, com mobilizações de conscientização que buscam orientar a população masculina quanto à atenção aos cuidados com a saúde. Para o especialista, o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura e amplia as opções de tratamento. “É importante que o paciente faça consultas periódicas com seu urologista de confiança, para um check-up de exames. Além do câncer, outras doenças urológicas podem surgir ao longo da vida, que também requerem atenção e merecem uma avaliação”, orienta o médico.
A Sociedade Brasileira de Urologia preconiza a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata e destaca os principais fatores de risco. Segundo essa sociedade, a idade é um deles, pois quanto mais longevo, maior é a chance de desenvolver a doença. Homens de raça negra também estão mais propensos à patologia, com maior incidência de casos registrados, e, ainda, o histórico familiar, quando há casos da doença entre parentes de primeiro ou de segundo grau. Estão mais suscetíveis também ao câncer de próstata, os homens obesos, que apresentam índice de massa corpórea elevado.
Ainda segundo o especialista, a idade recomendada de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia para que os homens iniciem o acompanhamento para diagnóstico precoce do câncer de próstata, varia de acordo com a condição de saúde do paciente e se ele apresenta fatores de risco que exigem atenção especial. Para os pacientes obesos, com histórico da doença na família e da raça negra é importante a realização de exames a partir dos 45 anos e, para o restante da população, a partir dos 50 anos. Para esse rastreio é fundamental a realização da dosagem do PSA (antígeno prostático específico) no sangue e o exame retal digital (toque da próstata).
Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 72 mil novos casos da patologia no país, a cada ano, para o triênio 2023-2025, sendo câncer de próstata o segundo tipo da doença com maior incidência entre os homens, atrás do câncer de pele não melanoma.
Na região leste e nordeste de Minas, em especial na Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha (HMC) da Fundação São Francisco Xavier, o número de casos assistidos sobre o câncer de próstata, alerta sobre a importância da prevenção. Em 2022, 356 homens iniciaram o tratamento com a doença na unidade, o que representa um aumento de 30%, se comparado aos casos assistidos em 2021, quando 272 receberam cuidados oncológicos. Em sua maioria, a faixa etária dos homens em tratamento do câncer de próstata no HMC, corresponde a 80% para pacientes entre 60 e 80 anos e 20% deles estão entre 50 e 59 anos.
TRATAMENTO
Entre recursos de tratamento aplicados à doença está cirurgia (prostatectomia radical que consiste em remoção completa do órgão), a radioterapia (uso de radiação de alta energia dirigida à próstata sem a remoção da glândula), além da vigilância ativa, prática que consiste na realização do monitoramento do câncer de baixo risco. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tratamento em hospitais habilitados para atendimentos oncológicos, com a realização de exames clínicos, procedimentos cirúrgicos e tratamentos, como estabelecido pela Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC).