Por Walter Biancardini (*)
Este sábado não está sendo um bom dia para os brasileiros. A morte do mais carismático comunicador do país, Sílvio Santos – também um exemplo bem sucedido das oportunidades oferecidas pelo capitalismo – foi seguida por demonstração inequívoca das consequências oriundas de pensamentos opostos, de esquerda, tristemente expressados pela ordem – secreta – de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) contra os representantes do X (antigo Twitter) no Brasil.
Em decorrência da decretação sigilosa desta prisão, Elon Musk, dono da rede social, decidiu retirar seus representantes do país e emitiu a seguinte nota:
“Noite passada, Alexandre de Moraes ameaçou nosso representante legal no Brasil com prisão se não cumprirmos suas ordens de censura. Ele fez isso em uma ordem secreta, que compartilhamos aqui para expor suas ações.
Apesar de nossos inúmeros recursos ao Supremo Tribunal Federal não terem sido ouvidos, de o público brasileiro não ter sido informado sobre essas ordens e de nossa equipe brasileira não ter responsabilidade ou controle sobre o bloqueio de conteúdo em nossa plataforma, Moraes optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal.
Como resultado, para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato.
O serviço X continua disponível para a população do Brasil.
Estamos profundamente tristes por termos sido forçados a tomar essa decisão. A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de Moraes.
Suas ações são incompatíveis com um governo democrático. O povo brasileiro tem uma escolha a fazer – democracia ou Alexandre de Moraes.”
Na nota, a companhia tranquiliza seus usuários brasileiros afirmando que continua disponível e operante no país, apenas seus representantes foram retirados diante da atitude – abertamente classificada assim – “ameaçadoras, ilegais e incompatíveis com a democracia”.
Sílvio Santos: comunicador, dono de um império empresarial e ex-candidato à Presidência da República – Inúmeros brasileiros anônimos obtiveram sucesso em seus empreendimentos comerciais e, apesar da clara intenção – imbuída em todo o sistema tributário, político e mesmo social – do sistema governamental vigente há quase um século, tornaram-se empresários de sucesso e exemplos dos benefícios do livre mercado. Alguns poucos tornaram-se famosos, como Luciano Hang das Lojas Havan, mas todos eles certamente gastavam seus domingos assistindo – ou, no mínimo, dando “espiadas” – na TV, que exibia o Programa Sílvio Santos.
A verdadeira maratona que era seu programa, começando às 11 horas da manhã e se estendia até às 20 horas, refletia perfeitamente a jornada incansável de seu idealizador no mundo dos negócios. Mais que ser um membro importante e meritório deste seleto clube de empresários de sucesso, Sílvio Santos tornou-se referência cultural no Brasil e, ainda que de maneira involuntária, influenciou várias gerações de brasileiros.
Longe de cometer qualquer desrespeito ao comunicador, esta nota une seu falecimento ao virtual “atestado de óbito” emitido pelo Ministro Alexandre de Moraes, contra o estado democrático de direito, através da abusiva e ilegal ordem de prisão contra representantes de uma plataforma digital que – por suas próprias características – não tem o poder de editar os conteúdos nela expostos, ou deixaria de ser uma rede social para tornar-se mais um jornal ou revista na internet.
Triste data este 17 de agosto, em que demonstra-se sem disfarces o fim da democracia no Brasil.
Triste data onde, com a morte de Sílvio Santos, perdemos aquele que levou alegria aos lares de todo o país, simbolizou talvez um brasileiro que não mais exista – extinto pela opressão imposta há décadas – e representava o mais autêntico modo de vida de toda uma nação, de um país feliz, que podia progredir e sorrir.
Fique na paz de Deus, Sílvio Santos.
Fique com Deus, democracia brasileira.