Por Walter Biancardine (*)
Em uma análise mais imediata da recente e surpreendente liberação de acesso aos brasileiros na rede X, de Elon Musk, podemos deduzir três hipóteses: a reação do Congresso norte americano, somada à advertência endereçada diretamente às instituições brasileiras, pode ter provocado reais temores no ministro Alexandre de Moraes – a negação de vistos de entrada nos Estados Unidos, somada a possíveis confiscos de eventuais bens que o mesmo – e seus aliados – possuam naquele país talvez tenha resultado em uma “ordem informal”, não escrita, para que o sinal da rede social fosse liberado.
Para todos os efeitos, o próprio dono da rede – Elon Musk – estará ciente que brasileiros já acessam livremente a mesma e poderia, eventualmente, aliviar a pressão norte americana sobre o governo brasileiro. Por outro lado, não havendo nenhum documento oficial liberando tal acesso, Alexandre de Moraes manteria “sua moral e autoridade” sobre aqueles que, infelizmente, considera seus “súditos”: o povo brasileiro. Isso explicaria as justificativas verdadeiramente “capengas” de que o próprio STF não estaria ainda inteirado da situação, classificando-a como algum “problema técnico”.
Importante observar que a hipótese acima rebaixa as operadoras brasileiras – Vivo, Claro, TIM e etc. – a meros cúmplices da atual ditadura, e tal observação é o ponto fraco desta primeira teoria.
A segunda hipótese é que as mesmas operadoras acima citadas teriam, por decisão conjunta e à revelia de Alexandre de Moraes, decidido liberar o sinal e alegarem a tal “falha técnica”. Esta possibilidade é, entretanto, quase temerária se considerarmos nosso atual estado de coma democrático. Seria preciso um respaldo muito grande – até mesmo de governos estrangeiros e sócios extremamente poderosos e influentes – para garantir tal atitude, que poderia afigurar-se como verdadeiro prenúncio da queda de uma ditadura: quando ninguém mais a respeita e a desobediência civil é a regra.
Uma terceira e última teoria está sendo levantada neste momento e será, talvez, a menos mirabolante de todas: Elon Musk teria determinado a troca de IP do twitter/X, tratado como “hospedagem própria”, e hospedá-lo na Cloudflare, que é uma plataforma de serviços que atua como um proxy reverso e rede de distribuição de conteúdo (CDN), para aumentar a segurança e o desempenho de sites. Necessário acrescentar que a mesma não tem representante no Brasil e, portanto, nenhuma autoridade tem Alexandre de Moraes sobre ela.
Para completar, mais de 70% da internet é hospedada na Cloudflare, principalmente os sistemas do governo. Não há mais como ordenar que a Anatel derrube o X (Twitter).
Demasiado otimismo?
O tempo dirá.