Por Walter Biancardine (*)
Assisti recentemente o bom e necessário programa de Alexandre Pittoli na Rádio Auriverde, via YouTube, e tive a oportunidade de acompanhar uma triste e realista análise de nossa situação política brasileira, feita por Rodrigo Constantino.
Nela, o articulista discorreu sobre as profundezas institucionais as quais descemos e a pesada parcela de responsabilidade dos Presidentes das casas legislativas – Câmara dos Deputados e Senado – os quais, por omissão, deixaram o caminho livre para os – assim os entendo – arreganhos ditatoriais da mais alta Corte de Justiça do Brasil.
Constantino, entretanto, limitou-se a uma análise pragmática deste contexto e apontou – com justa razão – o evidente fato de uma maioria absoluta de parlamentares estar “nas mãos” do STF, sempre “pendurados” por alguns processos e pouco importando se os mesmos são por justa razão ou, simplesmente, “inventados” por aquela Corte apenas para controlá-los.
Recordo este fato porque, nestas linhas de hoje ouso ir além e, deixando as chantagens institucionais de lado, creio ser extremamente necessário apontar uma outra razão – profunda e verdadeiramente civilizacional – que induz não apenas parlamentares como, igualmente, pessoas comuns em todas as ocupações profissionais e localizações geográficas, deste imenso país. Esta outra razão foi abordada “en passant” por Rodrigo Constantino ao citar – misto de alegoria retórica com uma infeliz constatação – que “somente ‘um milagre’ poderá salvar o Brasil dos destinos que aparenta estar apontado”.
Constantino, entretanto, clama por um milagre ancorado ainda na apatia inerme de congressistas – chantageados ou apenas oportunistas, pouco importa – que nada fazem para impor a necessária e constitucional separação entre os Três Poderes e deter a preponderância do Poder Judiciário sobre os demais Poderes. Eu, em minha humilde visão rogo por idêntica intervenção Divina, mas fruto de um entendimento, digamos, “latu sensu” da totalidade humana envolvida – parlamentares e povo.
Existe hoje a plena consciência que o comportamento humano é, em certa medida, “contagioso” em situações normais, onde um punhado de covardes tem o poder de contaminar todo um enorme círculo de pessoas, inclusive, em razoável distanciamento dos mesmos. Vale acrescentar que hoje, com a popularização das redes sociais, todos os padrões de comportamento podem ser facilmente difundidos, ao ponto de criarem uma espécie de “consenso” e se tornarem posicionamentos “acima de qualquer dúvida”, puro “bom senso” e “juízo”. E nesta dinâmica se encaixam tanto a covardia, por nós presenciada diariamente, quanto o aparentemente extinto heroísmo – clamado por Constantino em forma de “milagre”.
Indo direto ao ponto, para que esta análise não se torne uma tese: desnecessário dizer que existe uma condenação quase unânime daquilo que, oportunisticamente, classificaram como “masculinidade tóxica”. Do mesmo modo os valores morais, outrora difundidos pela Igreja Católica, foram vítimas de uma suicida “autofagia” clerical, derrubados por solerte “Teologia da Libertação” e enterrados por padres, bispos, cardeais e até, quiçá, papas.
Obviamente tal usurpação jamais poderia ser levada a efeito sem um solerte e contínuo processo de anestesia das consciências populares, e o mesmo foi obtido através do poderoso auxílio da grande mídia, da cultura de massa, das artes, do ensino acadêmico e de tudo o mais que nos cerca, a tal ponto que o simples ato de levantar da cama pela manhã já seja uma oportunidade para “nos conscientizarem”.
Tal massacrante processo – contínuo, imparável e inevitável – resultou na maior emasculação já vista na história humana, onde a testosterona é enxergada quase como um vírus letal e qualquer atitude tipicamente masculina torna-se objeto de um bombardeio apocalíptico, por parte das “vozes falantes” da sociedade – leia-se rádios, TV’s, revistas, filmes, etc.
Pois tais “comportamentos tipicamente masculinos” foram, sempre, a tábua de salvação da civilização humana ao provocarem insurreições, revoltas e guerras justas contra as eternas forças que buscam – megalomaníacos sempre existiram – o poder absoluto, domínio global, a escravização da humanidade. E quando não há mais “homens” – na acepção do termo – não há mais heróis, não há mais disposição ao sacrifício, não há mais esperanças.
Pois que sejam premiados o movimentocfeminista, os movimentos gay e todas as ferramentas de manipulação humana travestidos de “lutas por direitos”, que usaram milhões de pessoas apenas para extinguir quaisquer possibilidades de reações – másculas – às sinistras pretensões de reduzir a civilização humana a um simples e inofensivo galinheiro.
O milagre que Constantino espera chama-se “testosterona”, mas é feio dizer isso.
Vivi para ver o “homem” ser extinto.
Não merecíamos este destino.
“L’audace, l’audace; toujours l’audace…” (Danton)