Por Walter Biancardine
Neste sete de setembro, Dia da Independência do Brasil, o povo foi às ruas exigir e lutar por sua liberdade. Mais que um paradoxo, é o sintoma da anomia institucional que envolve a nação e que, em sinal de alerta perfeitamente válido enviado ao mundo, não apenas denuncia a vigência real de uma ditadura no país como, também, faz do povo brasileiro um exemplo para os demais países, inexperientes em termos de totalitarismo via preceitos gramscistas.
Um dos principais personagens na luta contra a ditadura brasileira e financiador do evento, o pastor Silas Malafaia desmontou – é o termo – as precárias acusações armadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, citando não apenas as provas de sua inocência como, igual e principalmente, expôs ao mundo os crimes cometidos pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Cabe dizer que este pastor sustentou a defesa de Bolsonaro e as acusações contra Moraes amparado pela Constituição brasileira, citando os diversos artigos pertinentes e que tanto inocentavam um, quanto incriminavam outro.
Parlamentares presentes ao evento, tais como Gustavo Gayer e Eduardo Bolsonaro, serviram-se do interesse mundial pelo evento e fizeram parte de seus discursos em inglês, e isso se deve ao dono da rede X (Twitter) Elon Musk e seu “Alexandre Files”, precedido pelo jornalista norte-americano Michael Shellemberger, também presente ao evento e que ficou conhecido no Brasil após publicar reportagens com e-mails trocados entre representantes do X do Brasil e dos Estados Unidos, de 2020 a 2022, o “Twitter Files”.
Desconheço se, estimulado pela repercussão internacional ou pelo clamor do povo, mas o que vimos foi um Jair Bolsonaro abrir mão de boa parte de suas precauções e, igualmente, acusar diretamente o Ministro Alexandre de Moraes como responsável pela ditadura brasileira. O povo presente – e mercê de Deus – também pouco fez de tais prevenções e cuidados, levando faixas e cartazes que emprestaram a força visual necessária ao evento – algo que, desde o início, sempre preguei por aqui.
As manifestações de ontem revestem-se de importância capital para o Brasil, pois podem ser o início da queda de uma ditadura. Por outro lado, também são de interesse mundial – não apenas pela ampla divulgação de Elon Musk e Michael Shellemberger mas, igualmente, pelo fato de alertarem os povos de toda a sociedade livre do ocidente com a surda revolta das elites mundiais contra a maior revolução social da história da humanidade, que chama-se internet e suas redes sociais.
Um pequeno exemplo que posso citar é a notícia de que um congressista do partido verde da Alemanha, Anton Hofreiter, ter sugerido recentemente uma suposta necessidade de restringir a rede social “X” no país. Hofreiter, que é presidente da Comissão dos Assuntos Europeus do parlamento alemão, declarou: “Um dos maiores problemas do extremismo é a radicalização online”, disse Hofreiter aos jornais do grupo de comunicação Funke (edições deste sábado).
“Devemos impedir a propagação de conteúdos anti-humanos e anticonstitucionais na Internet”, segundo os relatos do jornalista Ivan Kleber, publicados hoje no X.
O jornalista Alexandre Garcia, autoexilado em Portugal e que abrilhanta as páginas da Revista Oeste, já declarou que as redes sociais são “a Ágora das democracias modernas”, e acrescento que tal fato, nos moldes atuais, jamais foi experimentado em toda a história da civilização humana. A Ágora (ἀγορά; “assembleia”, “lugar de reunião”) é um termo grego que significa a reunião de qualquer natureza, empregada por Homero como uma reunião geral de pessoas, mas que foi parte essencial da constituição dos primeiros estados gregos e de sua democracia.
O fato, porém, é que na antiga Grécia tais reuniões tinham o alcance restrito aos cidadãos e jamais chegariam sequer a cidades vizinhas. Já com a internet, a coisa tem um alcance global, além de contar com fotografias, “prints” de documentos e mesmo vídeos, que podem servir de comprovação contra quaisquer mentiras propaladas pelas elites e mídia “mainstream” – e isso tira o sono e atordoa os poderosos de hoje.
O globalismo – a tal “Agenda 2030” da ONU – é, por essência, ditatorial e não à toa o livro de George Orwell, “1984”, é tão citado e mesmo vendido, nos dias de hoje. Igualmente não foi pela bela e lustrosa calva do Ministro Alexandre de Moraes que o pastor Silas Malafaia teve o cuidado de classificá-lo como “CEO” da ditadura brasileira – em outras palavras, o poderoso togado seria simplesmente um “gerente”, a obedecer a determinações de interesses muito mais poderosos e internacionais.
Seriam os mesmos interesses que moveriam o congressista alemão Anton Hofreiter e seu horror ao X? Ou que teriam determinado a prisão de Pavel Durov, dono do Telegram, na França?
O que resta pacificado – para usar um termo “togado” – aos brasileiros neste Dia da Pátria, 7 de setembro, foi a boa sensação de não estarmos sós no mundo e que existe, de fato, alguma possibilidade de que o ditador Moraes venha a cair. Se será preso e condenado por seus crimes talvez, neste momento, seja apenas um sonho distante.
Igualmente e para um estranho orgulho nosso, também sabemos que o Brasil serve hoje de farol, para iluminar e advertir os povos do mundo, contra a ira global das elites contra a nossa querida “Ágora Digital”, uma nova experiência que – reconheço – ainda levará anos até que sociedades e governos se adaptem.
O saldo foi um Bolsonaro desabrido, povo sem medo e mundo consciente de nossa situação, bem como das ameaças que os espreitam em seus países.
Agora é pressionar furiosamente, através das redes, os parlamentares que podem acionar o alçapão que engolirá tal e infame ditador.
E que o resto do mundo tome suas devidas precauções.
(*) Walter Biancardine é jornalista, analista político e escritor. Foi aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho, autor de três livros e trabalhou em jornais, revistas, rádios e canais de televisão na Região dos Lagos, Rio de Janeiro