Por Walter Biancardine (*)
Poucos meios dispõe o analista para permitir-se leveza e mesmo a mais necessária gentileza, ao comentar sobre os diversos aspectos do panorama político brasileiro.
Em pior situação ficará se tratar de eleições e seus candidatos, confinado ao triste destino de – assim como os eleitores – ano após ano, invariavelmente, buscar o “menos pior” do vasto banquete de imundícies oferecidas à mesa eleitoral, segundo a vontade dos proprietários (é o termo) das siglas partidárias.
Não perderei tempo analisando uma farsa chamada Pablo Marçal, canhestro arremedo de Jair Bolsonaro em suas falas – pura grosseria, palavrões à esmo e, ao contrário de Jair, sem nenhum conteúdo ou objetivo outro além de ofender, tumultuar e chamar atenção sobre si. Tiririca fez igual, com mais humor, mas, igualmente, revelou-se um desastre.
Um eleitorado que se emprenha pelos ouvidos, hipnotizados pela neurolinguística de um mero “coach”, não se deterá em analisar que este senhor é uma fraude e vive às custas das censuras e repressões “Daquele Que Não Se Pode Dizer o Nome” aos conservadores, para surfar oportunamente no vácuo proporcionado. Ameaça e não faz, desafia e não comparece, bate e sai correndo – mas xinga, ofende e agride; tal é o adolescente e medroso perfil deste homem.
A prudente e modesta opinião que ora exponho, resultado de observações últimas, leva-me a considerar com menos horror a candidatura da senhora Marina Helena (Novo), apesar de seu nefasto comprometimento com a agenda ESG e dos laços familiares – seu pai, Sérgio Cutolo, foi ministro da Previdência no governo Itamar Franco, é parte do Conselho Administrativo do Banco Pan e foi um dos sócios do banco BTG Pactual.
Em 2006, Cutolo foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por envolvimento direto em um contrato fraudulento entre a Caixa e a multinacional GTech, para operação da rede de loterias. O caso também foi tratado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, que pediu o indiciamento dele por suposto envolvimento no crime contra o processo licitatório e, em menor escala, por formação de quadrilha.
Perguntará o pasmo e incrédulo leitor: “mas é isso que o senhor apoia?”
Tal como o falecido cantor Cazuza, responderei: “somos iguais em desgraça”. Analise Marçal, analise Marina Helena – que, ao contrário dos demais candidatos, ela própria nada de mal fez além de seu comprometimento ESG – e não esqueça de incluir no pacote os nomes de Boulos, o invasor de terras que apoia abortos e drogas, bem como o de José Luiz Datena, que jamais saberemos se, mais uma vez, mudará de ideia.
O quadro traçado acima é a comprovação da afirmação inicial deste artigo, o desconsolo por sermos eternamente obrigados a escolher entre os “menos piores” já que, no Brasil, as candidaturas avulsas – sem partido – não são aceitas, restando ao aspirante a cargos eletivos submeter-se ao monopólio eleitoral das oligarquias partidárias.
Creio ser conveniente deixar claro que não moro em São Paulo, meu título de eleitor é do Rio de Janeiro, não sou filiado a nenhum partido e, sequer, tenho quaisquer amizades por lá – isenção maior que essa, impossível. Apenas não desejo ver a maior cidade da América do Sul nas mãos de oportunistas “papo dez”, lacaios ideológicos de esquerda ou mesmo bipolares televisivos em busca de (mais) fama.
Que o eleitor paulistano, mercê de Deus, tome a melhor decisão.