Por Walter Biancardine (*)
É importante deixar claro que todo o artigo a seguir baseia-se em opiniões pessoais, não se tratando de acusações, levantamento de suspeitas ou injúrias de qualquer espécie; nada além de meras especulações de minha imaginação.
O tempo voa e a Operação Lava-Jato já conta com uma razoável distância dos dias atuais, assim sempre é bom lembrar que a mesma – que expôs aos olhos dos brasileiros as entranhas podres do governo petista – não trabalhou com o mesmo afinco quando os indícios apontavam para pessoas ou organizações pertencentes ou relacionadas com o partido PSDB e coligados.
Em meus delírios, creio que a mesma teve o condão de tirar a esquerda do papel de representante, no Brasil, dos interesses de pessoas e grupos intimamente participantes e atuantes no Foro de São Paulo – tais como as FARC, Cartel de Los Soles e outros. Novos personagens substituíram os depostos e, desde então, protagonizam tais interesses em nosso solo.
A título ilustrativo, nunca é demais lembrar da alarmante presença de cocaína nas entranhas de tubarões e cações analisados em Santos (SP), local de um dos maiores portos do país. Sem jamais apontar a cidade como principal foco de contaminação, diversos veículos de comunicação noticiaram o fato, e cito como exemplo a revista Fórum, cujo link se segue: https://revistaforum.com.br/meio-ambiente/2024/7/22/estudo-encontra-cocaina-em-100-de-caes-analisados-no-litoral-162557.html
Embora as matérias busquem apontar o excessivo consumo de drogas como fator responsável, nunca é demais lembrar que o Porto de Santos é também conhecido por ser porta de saída da droga, no Brasil. Isso posto, sigamos em frente.
Podemos dizer que, embora sequer o segundo turno das eleições municipais tenham sido realizados em algumas cidades, os partidos políticos e seus líderes já estão com os olhos voltados para a corrida presidencial de 2026. Esta data é o alvo e muitos contam com Jair Bolsonaro inelegível, fator preponderante para a consolidação de seu domínio político. E quando digo “domínio político” refiro-me, mais precisamente, ao triunvirato que hoje penso comandar todo este cenário em nosso país: Michel Temer, Gilberto Kassab e – como braço forte – o ministro Alexandre de Moraes. Lula e toda a esquerda devem conformar-se com o papel de meros coadjuvantes, por não disporem de líderes de massas.
Bolsonaro continua inelegível e assim o sistema deverá mantê-lo, até 2026. Entretanto, o mesmo já demonstrou seu fenomenal poder de carrear votos para seus escolhidos e, por isso a reação, aparentemente, já começou.
O pastor Silas Malafaia apoiava Jair Bolsonaro e criticava os atos do ministro Alexandre de Moraes com uma dureza jamais permitida a outros personagens da ribalta política atual. Tal liberdade jamais foi explicada, mas, com a inegável força eleitoral de Bolsonaro à parte, um outro personagem já havia entrado em cena e seu papel não mais passou despercebido: Gilberto Kassab começou a apoiar abertamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para a Presidência da República e foi secundado por surpreendente atitude – sincronizada? – de Malafaia, que desferiu críticas duríssimas contra Bolsonaro e, no rol, incluiu Magno Malta, Gustavo Gayer, Marco Feliciano e até Nikolas Ferreira.
Pouco importam as razões alegadas por Malafaia contra Jair, o que nos interessa é o claro e coordenado posicionamento das peças no tabuleiro político, que pretende eternizar o atual sistema no poder.
Temos, de um lado, o papel de Michel Temer – autor daquela mal afamada “conversa de conciliação” entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes – e que apenas piorou a situação do ex-presidente – e, de outro, Gilberto Kassab e seu PSD, em franca atuação de construção da candidatura de Tarcísio.
Ambos – Temer e Kassab – não são nem jamais foram de esquerda, de direita ou seja lá o que queiramos; a dupla sempre foi ela mesma, ciosa de seus interesses e negócios. Nunca é demais lembrar que a presença de Alexandre de Moraes no STF deve-se a Michel Temer, e tanto este último quanto Moraes e Kassab não admitem Bolsonaro – um corpo estranho – na disputa de 2026.
Mas, e Tarcísio?
O Governador de São Paulo – inegável competência em seu ministério à parte – é oriundo das casernas, um militar impregnado da doutrina positivista (prima-irmã do comunismo e visceralmente globalista) que nada vê de errado em tais estratégias, sejam os negócios nebulosos de Temer ou os subterrâneos de Kassab. Quanto à juristocracia de Alexandre de Moraes, nenhuma palavra proferiu.
Para completar, o próprio pastor Malafaia afirmou em um culto que Tarcísio e Ricardo Nunes o agradeceram por haver “contido” a escalada eleitoral do “coach” Pablo Marçal, no que – segundo Silas – teria se confirmado por um contato do Instituto Paraná Pesquisas.
Mas Marçal é de direita? Respondo que pouco importa a cor de sua camisa, o que vale é o fato do mesmo não ser “parte do clube”, mais um estranho no ninho, tal qual Bolsonaro, e que poderia colocar a perder tantos e tão preciosos negócios da dupla Temer-Kassab.
Nunca é demais reafirmar que todo o escrito acima são apenas divagações, especulações do autor quanto ao panorama político brasileiro atual, nem de longe pretendendo levantar suspeitas ou ilações de quaisquer espécies.
Quem tiver olhos para ler, leia. E quem tiver cabeça para entender, entenda.