Por Walter Biancardine (*)
Já não há mais escrúpulos ou pudores em esconder nada de ninguém: o “consórcio” exibe-se unido e coeso, com endossos recíprocos das atitudes e medidas tomadas – arbitraria ou levianamente – em favor de seus próprios e explícitos interesses, visando a subjugação total do Brasil ao regime ditatorial que, de modo quase completo, já vivemos.
No dia de hoje a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reuniu-se, sob a alegação de “levar ao plenário a decisão de suspender as atividades da plataforma X (antigo Twitter) no Brasil” e manteve a decisão do ministro Alexandre de Moraes: tal como as piores ditaduras da China, Rússia e outras, a rede social de Elon Musk teve suas atividades proibidas em todo o território nacional, endossada pelo “pleno” daquela Corte.
Dentre os votos favoráveis à suspensão, basta-nos conhecer que tal arbítrio foi mantido por decisões de Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin – não que os outros dois sejam irrelevantes, mas serve como comprovação de que a simples existência e validade de uma “primeira turma”, a qual nem de longe engloba os onze titulares, concede à apenas três cabeças o poder de censurar e banir uma plataforma e prejudicar de inúmeras maneiras milhões de usuários, espalhados por todo o país. Pergunta-se: isto – três cabeças associadas, um triunvirato – pode ser chamado de “pleno” da Corte? Ou trata-se somente de cumplicidade oportuna, em busca de validação internacional?
A parte não se diferencia do todo: uma única e glabra cabeça – a mando de poderes muito, muito maiores – determina o arbítrio. Outras duas, em cumplicidade, endossam. A isto se resume o acima citado “consórcio”? Por óbvio que não. Um ex-presidiário, nas horas vagas Presidente da República, já manifestou sua aprovação bem como seu vice – até então seu adversário (teoricamente) figadal – igualmente desandou a fazer declarações de apoio à censura.
Esta é a “alkimia da hipocrisia”, pois há bem pouco tempo atrás este mesmo vice pertencia a um partido auto declarado como “centro direita” e alvo de ferozes críticas da esquerda, o PSDB. Cabe ainda relembrar que este partido sempre manteve relações quase incestuosas com os grandes grupos empresariais brasileiros, banqueiros e mesmo a grande mídia – e por certo o sr. Alexandre de Moraes foi deveras aplaudido por esta mesma porca e grande imprensa em sua atuação como Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, quando um tal Geraldo Alkimin governou aquele estado.
Nunca é demais acrescentar que sua beatificação como Ministro da Suprema Corte deu-se através das mãos do então tapa-buracos (assumiu a Presidência do Brasil após o impeachment de Dilma “disléxica” Roussef) Michel Temer, também pertencente ao PSDB e com grande influência – segundo soube e assim formei tal opinião – no Porto de Santos, em São Paulo.
À parte estudos de pesquisadores científicos, chocados com a overdose de cocaína presente nas entranhas dos peixes analisados na área portuária de Santos – apenas uma ilustração sobre o meio ambiente local, nada tem a ver com o assunto – podemos começar a perceber que a “parte”, similar ao “todo”, não é tão ínfima assim.
Não fiquemos, entretanto, restritos somente às minhas sabidamente tendenciosas opiniões pois sou obrigado a reconhecer o grande trabalho, desempenhado pelo sr. Moraes, quando à frente da Secretaria de Segurança paulista: após um pavoroso Dia das Mães no ano de 2006, onde integrantes do PCC (facção criminosa, Primeiro Comando da Capital) barbarizaram e destruíram metade da cidade e impuseram o terror ao pagador de impostos, a atuação destemida deste homem teve o condão de “acalmar os ânimos” e devolver a tranquilidade ao povo – se isso custou-nos tolerar que o mesmo seja, hoje, uma das maiores “empresas” do país e dona de redes de farmácias, postos de gasolina e até bancos de investimentos, é certamente o preço a se pagar pelo uso das ruas, que nos foi concedido.
Por outro lado temos um ex-presidiário – leia-se “Presidente da República” – e seu partido, o PT (Partido dos – vá lá – Trabalhadores), notório por seu desempenho olímpico na roubalheira aos cofres de um país inteiro e que teve o poder de falir uma nação, tudo amplamente comprovado e julgado pela Operação Lava Jato, ainda que seus autores estejam atualmente livres e sorridentes.
Pois este senhor Lula, o Inácio, demonstrou sua grande capacidade de articulação política na promoção da paz em toda a América do Sul, ao ter atendida sua sugestão de que as FARC – Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia – se tornassem um partido político e integrassem o Foro de São Paulo, uma nobre e casta instituição que congrega governos esquerdistas e simpatizantes de todas as Américas. E não parou por aí: sua devoção à paz também conseguiu que organizações outras, tais como o Cartel de Los Soles e mais algumas envolvidas com a exportação de substâncias químicas e até naturais, como a marijuana, se unissem também ao grupo.
Não devemos levar em conta que um dos maiores compradores de tais cartéis seja justamente o acima citado PCC e o Porto de Santos – aquele, dos peixes viciados – sua maior porta de exportação para a Europa, Ásia e outros destinos altamente lucrativos. São apenas negócios, afinal de contas.
Temos então, na escalação de tal time vencedor, talentos como o STF, o Governo Federal do Brasil e seu inteiro estamento burocrático, partidos como PT e PSDB (bem como seus inúmeros “satélites”), Foro de São Paulo, nações amiguinhas como Venezuela, Colômbia, China e Rússia, multinacionais poderosas como o Cartel de Los Soles, PCC, CV e tantos outros bem como, coroando e tornando tudo isso potável aos estômagos mais sensíveis, a eternamente cúmplice grande mídia – Rede Globo, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Band, TV Record e várias outras que, se hoje ocupam-se em tentar desonrar o prestimoso sr. Moraes, isso se deve à mais humana e vil ingratidão.
Dirá o leitor que minhas opiniões são, por demais, sombrias e pessimistas e assim as reconheço, dando a mão à palmatória. Sim, e confesso que, ao analisar de onde cheguei a tais conclusões, vejo-me obrigado a admitir a influência nefasta da propaganda anti-democrática, disseminada nas redes sociais por grupos de extrema-ultra-direita, o que prova mais uma vez o acerto das medidas do sr. Moraes.
Deste modo, encerro este artigo de opinião aconselhando o amigo que me lê a jamais perambular desprevenido em tais maléficas redes, ou acabará contaminado como eu, e julgando que governos, partidos, mídia e tráfico internacional de drogas deram as mãos a países amigos como China, Rússia, Irã e tantos outros, apenas para nos prejudicar – o que é, reconheço, uma infâmia.
O mundo é lindo, a vida é bela e deixo meu boa tarde a “todes”.