Por Walter Biancardine (*)
Se existe uma lenda urbana recorrente no universo masculino, principalmente quando ambientado nos botequins pós-trabalho nas sextas-feiras, é a história do bonitão que conhece uma bela e pudica senhorita, propõe algumas coisas pouco usuais e ela, docemente constrangida, aceita – revelando-se, ao fim e ao cabo, uma louca desvairada e insaciável.
O comportamento de Mark Zuckerberg – dono da Meta, que por sua vez controla o Facebook, Instagram, WhatsApp e metade do mundo – pouco difere da historieta porno-colegial da quinta série, narrada acima. O casto e virginal rapazinho cuidava de seus afazeres meta-capitalistas e de suas pobres redes sociais, que abarcam metade da população do planeta, quando foi abordado e seduzido por um circunspecto senhor, que segredou em seus ouvidinhos a proposta depravada: “censure, abafe, esconda e prejudique de todas as maneiras quaisquer conservadores e pessoas contra nosso sistema, em suas redes…”
O recatado jovem relutou, tentou livrar-se dos másculos e sedutores braços que o enredavam mas, por fim, rendeu-se aos encantos daquele maduro senhor e – docemente constrangido – cedeu. E, desnecessário dizer, cedo a criatura se acostuma ao prazer, mesmo as almas mais recatadas: em sua nova depravação, tal mocinho se entregou às mesmas perdições diante de circunspectos senhores norte americanos, europeus e até brasileiros, jogando por terra toda sua castidade e honra.
Seu comportamento promíscuo e hábitos levianos logo foram notados por todos, e pouco demorou para que seu nome estivesse envolto no lamaçal da vida fácil. Mas ele não ligava, embriagado pelo prazer e sedução de poder que o envolvia. Apenas resmungava que eram somente fofocas, maledicências de vizinhos invejosos e prosseguia em suas esbórnias.
Cedo ou tarde, entretanto, a vida nos cobra as ações que cometemos ao longo da vida e, com o já gasto e flácido Zuckerberg, não foi diferente: ele foi pego de calças curtas, violando a 1a. Emenda da Constituição dos Estados Unidos da América e, como única saída, hoje encontra-se chorando por aí e se dizendo arrependido – é isso ou cadeia.
A verdade é que podemos tirar alguém da vida fácil, mas quase impossível é tirar a vida fácil deste alguém: acostumado aos prazeres mundanos, o rapazinho continua usando sua influência pois recentemente doou 6 milhões de dólares para a campanha dos democratas, os famosos zuckerbucks. Não bastasse, finge desconhecer – e muito menos ter algo a ver – com as inúmeras mortes pela zika chinesa, picadas “salvadoras”, seus efeitos, e toda a desinformação em relação a eficácia de certos medicamentos, que poderiam ter poupado milhares de vidas.
Este é o Zuckerberg arrependido, arremedo tosco de uma Madalena, que ainda insiste em seus vícios mas tenta aparentar a virtude e recato dos sinceramente convertidos.
A vida, entretanto, é implacável: por mais que disfarce, o desvirtuado rapaz jamais conseguirá esconder os arranhões nas costas, o pescoço vermelho e seu corpo sem tônus e flácido, resultado das intermináveis orgias na cama dos donos do mundo.
Ao dono de uma rede social, não basta ser honesto: tem de parecer honesto.
Para Zuckerberg, é tarde demais.