Por Walter Biancardine (*)
E por fim chegamos às vésperas do tão aguardado – e distante – sete de setembro, data que poderia ser o repique de ao menos dois clamores anteriores, em se datando dos motivos que culminaram na convocação para o mesmo. Enfim, antes tarde do que nunca.
Plástica do terreno estudada, estratégia traçada e tropas dispostas, não há muito mais o que dizer ao bravo combatente que se lança à luta em defesa daqueles que ama, do seu lar, seu trabalho, seus amigos e seu país. O máximo que poderia acrescentar, à título de precaução, é que não se acanhem em usar as armas as quais estão municiados, posto que o inimigo não terá o mesmo escrúpulo e se valerá dos recursos os mais sórdidos para nos eliminar – sim, pois que este é seu plano, o nosso extermínio.
Se você tem faixas, leve-as. Cartazes? Leve-os também. Megafones para gritar seu desprezo pelo vil líder das tropas inimigas? Use-os e berre à vontade, fazendo tudo de modo pacífico e ordeiro como sempre fizemos. Nada nem ninguém – basta-nos os adversários – pode nos impedir de expressar nosso mais legítimo asco e revolta pela situação que vivemos, e nossa exigência que o mesmo seja catapultado de sua posição atual, rumo ao oblívio.
Bolsonaro disse para assim não fazermos? Mas o que será uma manifestação de repúdio sem faixas e cartazes que o expressem publicamente, às vistas da mídia mundial? Um mero comício eleitoral? Advertiu nosso mesmo e querido Presidente sobre a possibilidade de “infiltrados com cartazes e faixas”? Mas se ele exige a mesma coisa que eu, então não é infiltrado, é parceiro de luta.
Seriam os infiltrados (ou dissimulados), na verdade, quem não quer que você leve seu cartaz para não ofender o inimigo? Por qual motivo?
Igualmente não recomenda, e pelos mesmos motivos – infiltrados – que sejam feitas manifestações em outras cidades? Mas por quê somente São Paulo? Que nosso Presidente me desculpe, mas novamente caio na tentação de achar que tudo não passa de um mega-comício.
Sejamos sensatos: é preciso que o Brasil inteiro pare, proteste e mostre seu repúdio não somente aos inimigos do sistema mas, principalmente, ao mundo. É preciso bom senso, lucidez e cabeça fria para saber quando não obedecer e, pacificamente, tomar a dianteira.
Não são poucos os relatos de batalhas históricas em que exércitos minoritários – o que não é nosso caso, nossa inferioridade é apenas material – derrotaram forças superiores por cumprir fielmente as ordens de seu general. Por outro lado, igualmente abundam os relatos em que as tropas, percebendo seu líder alheio à situações peculiares do combate, agiram por sua própria conta e deram cabo das legiões que os combatiam. E esta é nossa situação atual.
Não cabe aqui uma análise se Bolsonaro desconhece, evita ou omite-se – dando a entender um cifrado “código de ação” que não o comprometa – e sim que todos reconhecemos o descompasso entre nossos desejos e as precauções do líder.
Já nos basta a censura às redes, às nossas opiniões, aos nossos vídeos, programas, jornais. Já nos basta a censura, prisão e exílio aos jornalistas e comentaristas que, diariamente, nos abriam os olhos diante dos perigos, então velados. Já nos basta a perfídia nazista de um comandante militar, General, que iludiu e mentiu descaradamente para milhares de manifestantes, em Brasília, e levou-os todos para as masmorras.
Já nos basta que calem nossa voz, nossas redes sociais, nossos gostos, valores e princípios: não calarão nosso grito de ira!
Que este sete de setembro seja uma data redentora para o Brasil, verdadeiro divisor de águas onde, quem estiver no lado barrento da mesma, se afogará.
Lute, grite, seja livre!