O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta quarta-feira (23) uma previsão preocupante para as contas públicas do Brasil. O relatório Monitor Fiscal aponta um aumento significativo no endividamento do país, que pode ultrapassar 94% do PIB até o final do atual governo.
A projeção indica um salto de mais de 10 pontos percentuais na dívida pública brasileira durante o terceiro mandato do presidente Lula (PT). O indicador deve avançar de 83,9%, registrado no fim de 2022, para 94,7% em 2026, superando significativamente a média dos países emergentes, estimada em 75% para o mesmo período.
O cenário fiscal apresentado pelo FMI mostra uma deterioração gradual das contas públicas. Para 2024, a instituição prevê que a dívida alcançará 92% do PIB, colocando o Brasil entre os países mais endividados do mundo, atrás apenas de nações como China, Egito, Ucrânia, Bahrein e Argentina.
Quanto ao déficit primário, o Fundo projeta que o país permanecerá no vermelho até 2026, último ano do atual governo. A perspectiva de equilíbrio das contas só aparece em 2027, quando se espera um modesto superávit de 0,1% do PIB.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participa das reuniões anuais do FMI em Washington, informou que medidas de contenção de gastos estão sendo elaboradas, mas não antecipou detalhes. A equipe econômica trabalha em um pacote que visa melhorar o quadro fiscal do país.
A dívida bruta como proporção do PIB é considerada um dos principais indicadores de solvência nacional e influencia diretamente as decisões de investidores internacionais. O método de cálculo do FMI difere do utilizado pelo governo brasileiro por incluir os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central.