Cortes no orçamento e impacto no Real
Na última semana, o mercado brasileiro foi marcado por uma forte desvalorização do real, que atingiu os menores níveis contra o dólar e o euro desde o início de 2022. A revisão bimestral do orçamento de 2024 é a principal fonte de incertezas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou cortes de R$ 15 bilhões no orçamento, acima das expectativas do mercado, mas ainda insuficientes para cobrir o déficit de aproximadamente R$ 30 bilhões.
A falta de clareza sobre maiores cortes adicionais mantém os investidores cautelosos, exigindo um prêmio de risco maior para o real. A inflação continua a ser uma preocupação crescente, com as expectativas subindo, o que pode levar a novos aumentos na taxa de juros. O índice de preços ao consumidor amplo-15 (IPCA-15), a ser divulgado na quinta-feira, pode trazer algum alívio se mostrar uma desaceleração da inflação.
Mercado internacional: Dólar em alta e expectativas econômicas
Nos Estados Unidos, o dólar encontrou suporte em dados econômicos melhores do que o esperado, que sugerem uma desaceleração econômica menos acentuada. As vendas no varejo desaceleraram menos do que o previsto e os índices de atividade industrial superaram as expectativas. A performance positiva do dólar foi também influenciada pela antecipação do mercado à vitória de Trump e pela quebra de operações de “carry-trade” com a intervenção cambial no Japão.
No cenário político, a desistência de Joe Biden na corrida presidencial não impactou os mercados, já que era um evento amplamente esperado. A divulgação do PIB do segundo trimestre dos EUA, prevista para quinta-feira, e os dados de inflação na sexta-feira, serão cruciais. Espera-se uma recuperação do crescimento e a inflação retornando à meta do Federal Reserve.
Europa: Estabilidade do Euro e riscos econômicos
Na Europa, o euro manteve-se estável após a reunião do Banco Central Europeu (BCE) na última quinta-feira, que manteve as taxas de juros inalteradas sem indicar próximos passos. O avanço do EUR/BRL para o maior patamar desde 2022 reflete o maior prêmio de risco exigido para a moeda brasileira.
Nesta semana, a atenção estará voltada para os índices PMI de atividade comercial de julho, a serem divulgados na quarta-feira. Dados anteriores mostraram uma queda inesperada, possivelmente influenciada pelos temores das eleições francesas. A comunicação cautelosa do BCE em relação ao crescimento econômico pode ser um indicativo de desafios futuros. Números mais fracos de sentimento comercial poderiam finalmente impactar negativamente o euro, caso o pessimismo em torno da atividade econômica seja confirmado.
Panorama
A semana promete ser movimentada com importantes divulgações econômicas e desdobramentos políticos, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. A necessidade de ajustes fiscais e a reação do mercado às políticas econômicas continuarão a influenciar o desempenho do real e do Ibovespa. No exterior, as expectativas em torno dos dados econômicos dos EUA e da Europa definirão o rumo das moedas globais e dos mercados acionários.