O partido do presidente Lula, PT, já escolheu uma data para iniciar uma nova crise com as Forças Armadas: 31 de março de 2024. A data marca o aniversário dos 60 anos que deu início ao regime militar no Brasil.
Segundo o Estadão, a sigla chefiada pela deputada Glesi Hoffmann (PT-RS) e a Fundação Perseu Abramo, que é ligada à legenda, preparam debates, exposições, lançamento de livros e um documentário sobre o início do regime.
Responsável pela intermediação de Lula com os militares, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já começou o trabalho na caserna para evitar “provocações” e impedir que haja “exaltação” nos quartéis pelo 31 de março.
Múcio teme que as manifestações da esquerda sobre a Revolução de 1964 possam reabrir feridas e estimular a polarização política que tomou conta do país.
MILITARES E A CERIMÔNIA ALUSIVA AO 8 DE JANEIRO
Conforme publicou o jornal, militares de alta patente não gostaram da cerimônia alusiva aos atos de 8 de janeiro de 2023, argumentando que não se comemora conflito. Coube então ao ministro da Defesa atuar para que clubes militares não soltassem notas agressivas ao ato promovido no Salão Negro do Congresso.
Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro da Defesa, José Múcio, apresentou uma visão bem mais realista sobre os atos de 8 de janeiro, reconhecendo que não houve golpe porque o Exército não quis.
“Pode até ser que algumas pessoas da instituição quisessem, mas as Forças Armadas não queriam um golpe. Você pode dizer: ‘No governo anterior havia pessoas que desejavam o golpe’, mas não havia um líder que dissesse assim: ‘Nós queremos, eu sou o chefe, vamos’. Não existe revolução sem um chefe”.
RELAÇÃO ENTRE O GOVERNO E AS FORÇAS ARMADAS
Como mostrou Crusoé, embora tenham sido fiéis à democracia no momento em que muitos pediram que apoiassem um golpe de Estado, as Forças Armadas abrigam oficiais que desejavam uma ruptura e não nutrem simpatia nenhuma pelo PT.
Além disso, durante o governo Jair Bolsonaro, os militares tiveram seus interesses generosamente contemplados no Orçamento federal e ganharam milhares de cargos usualmente ocupados por civis na máquina pública.
Para entrar no jogo de Lula, os militares precisaram ser agraciados com verbas bilionárias e com a garantia de que não terão seus interesses questionados.