O governo brasileiro está analisando a possibilidade de propor uma nova eleição na Venezuela como forma de resolver o impasse político após as controversas eleições de 28 de julho. A iniciativa, que ganhou força entre membros do governo Lula, sugere a realização de um “2º turno” sob a supervisão de organismos internacionais.
A proposta é vista como uma das poucas saídas para a crise política que se instaurou no país vizinho após o anúncio da reeleição de Nicolás Maduro. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, Maduro obteve 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, ficou com 43,18%. No entanto, a oposição e diversos países, incluindo Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai, contestam o resultado, alegando que González teria vencido com 67% dos votos.
Celso Amorim, assessor especial internacional do presidente Lula, é um dos principais defensores da proposta de novas eleições. Na última reunião ministerial em Brasília, o assunto foi discutido e contou com a simpatia do presidente Lula, que vê nessa medida uma possível quebra do impasse, visto que o governo Maduro não demonstra abertura para acordos com a oposição.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se manifestou, não reconhecendo os resultados oficiais e apontando indícios de manipulação por parte do governo Maduro. O Brasil, ao lado do México e da Colômbia, já havia assinado uma nota conjunta pedindo a divulgação das atas eleitorais e uma resolução institucional para a crise.
Entretanto, a proposta enfrenta barreiras significativas. O governo Maduro resiste à ideia de novas eleições e qualquer forma de mediação internacional. Além disso, a participação ativa do México nas negociações diminuiu, deixando Brasil e Colômbia isolados na tentativa de mediar o conflito.
A situação na Venezuela continua tensa. Mais de 1,2 mil pessoas foram presas durante protestos que contestam o resultado eleitoral. Edmundo González, que afirma ter vencido o pleito, se recusa a comparecer a audiências judiciais convocadas pelo Tribunal Supremo de Justiça, dominado por aliados de Maduro. O regime ameaçou com ordens de prisão tanto para González quanto para a líder da oposição, María Corina Machado.
O cenário atual é de incerteza e instabilidade, com a comunidade internacional observando atentamente os próximos passos do governo venezuelano e as ações diplomáticas lideradas pelo Brasil.