O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, atual assessor especial da Presidência da República, criticou a interferência externa no resultado das eleições na Venezuela. Em entrevista à CNN, Amorim defendeu que a situação deve ser resolvida por meio do diálogo entre países latino-americanos.
Celso Amorim esteve na Venezuela para acompanhar o pleito que reelegeu Nicolás Maduro no último domingo (28). Ele enfatizou a importância de uma solução pacífica e regional. “O governo brasileiro tem tido uma visão muito parecida com a do México e a da Colômbia, que são países diretamente interessados em resolver pacificamente essa situação”, afirmou Amorim.
Até o momento, o Brasil não reconheceu oficialmente a vitória de Maduro, anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. O governo brasileiro pede a divulgação das atas de votação antes de qualquer posicionamento. Em contraste, os Estados Unidos declararam que o candidato da oposição, Edmundo González, teria vencido o pleito.
Amorim expressou ceticismo quanto ao reconhecimento da vitória de González pelo Brasil. “Acho difícil que o Brasil vá seguir o caminho dos Estados Unidos. Nosso chanceler Mauro Vieira está muito ativo nessas conversas. Acredito que essas conversas podem nos indicar o caminho certo para encontrar a solução”, analisou.
O ex-chanceler criticou duramente as sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela, classificando-as como um “erro norte-americano”. Segundo ele, a retirada das sanções teria facilitado o processo eleitoral. Amorim também mencionou que a presença da União Europeia poderia ter sido benéfica, mas foi rejeitada por Maduro devido às sanções em vigor.
“A política de sanções é muito errada e injusta. Quem mais sofre com isso é o povo venezuelano, não é o Maduro nem os auxiliares”, concluiu Amorim.
A situação na Venezuela continua a gerar debates e tensões nas relações internacionais. O posicionamento do Brasil, ao lado de outros países latino-americanos, será crucial para determinar os próximos passos na busca por uma solução pacífica e democrática para a crise venezuelana.