A menos de 24 horas do início da apuração das eleições presidenciais americanas de 2024, especialistas e observadores eleitorais já preveem um cenário complexo e potencialmente turbulento para a contagem dos votos, que pode se estender por dias ou até semanas.
Em sete estados-chave, onde a disputa entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump está tecnicamente empatada, o processo de apuração promete ser particularmente desafiador. Nos casos da Geórgia e Pensilvânia, estados cruciais com 16 e 19 delegados respectivamente, os resultados finais só devem ser conhecidos por volta do dia 8 de novembro.
A complexidade do sistema eleitoral americano, que opera de forma descentralizada e com regras distintas em cada estado, contribui para essa situação. Alguns territórios exigem recontagem automática quando a diferença entre candidatos é menor que 0,5% dos votos, como acontece no Arizona e na Pensilvânia. Em outros, como Michigan, o limite é de dois mil votos.
Observadores eleitorais também expressam preocupação com a possibilidade de declarações prematuras de vitória por parte dos candidatos, especialmente considerando o histórico das eleições de 2020. Na ocasião, acusações infundadas de fraude eleitoral culminaram na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
A segurança tornou-se uma preocupação central neste pleito. No Arizona, por exemplo, oficiais eleitorais trabalham sob proteção reforçada após receberem ameaças. Em Maricopa County, região crucial nas últimas eleições, o aparato de segurança foi multiplicado por seis em comparação a 2020, incluindo barreiras físicas e patrulhamento aéreo.
O cenário é agravado pela judicialização antecipada do processo. Cerca de 200 ações judiciais já tramitam nos 50 estados americanos, questionando desde regras eleitorais até iniciativas controversas de doações relacionadas ao pleito. Essas disputas legais podem prolongar ainda mais a definição do resultado final.
Uma pesquisa recente da PBS NewsHour/NPR/Marist revelou que aproximadamente 20% dos adultos americanos consideram aceitável o uso da violência para “colocar o país no rumo certo”, aumentando a apreensão sobre possíveis conflitos durante e após a apuração dos votos.