O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou controvérsia nesta terça-feira (16) ao fazer uma piada infeliz sobre violência doméstica em um evento no Palácio do Planalto. Em meio a elogios à presença feminina na reunião com empresários do ramo alimentício, Lula afirmou que “se o cara for corintiano, tudo bem”, ao comentar sobre a violência após jogos de futebol.
A declaração causou preocupação entre aliados e membros do governo, além de gerar críticas de oposicionistas. O presidente destacou a importância da participação feminina no evento, mencionando que essa foi a primeira vez que reuniu tantas mulheres em uma única ocasião. Ele também mencionou ser frequentemente cobrado pela primeira-dama, Janja, sobre a necessidade de aumentar a presença de mulheres em espaços de poder.
Durante o discurso, Lula comentou uma pesquisa que indica aumento da violência contra mulheres após jogos de futebol. “Hoje eu fiquei sabendo uma notícia triste. Tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu. Mas eu não fico nervoso quando perde, eu lamento profundamente”, disse o presidente.
Lula é conhecido por ser torcedor do Corinthians, time que atualmente luta para escapar da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Em resposta à polêmica, o Palácio do Planalto divulgou uma nota na quarta-feira (17) afirmando que “em nenhum momento o presidente Lula endossa ou endossou” a violência contra as mulheres. A nota ressaltou que o respeito às mulheres é um valor inegociável para o governo e que a atual gestão tem atuado sistematicamente para ampliar oportunidades e proteção para este público.
Segundo a Folha de S. Paulo, um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Avon, divulgado pelo UOL em 2022, mostrou que registros de ameaças contra mulheres aumentam nos dias de jogos do Campeonato Brasileiro. O estudo analisou ocorrências de 2015 a 2018 em cinco capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.
GAFES DE LULA
Apesar da gafe, Lula tem histórico de críticas à violência doméstica. Em abril, ele afirmou que “mulher não foi feita para apanhar” e, em maio, sancionou uma lei que garante o sigilo do nome da vítima em processos envolvendo crimes de violência doméstica e familiar contra mulheres. Em um discurso, ele relembrou a orientação de sua mãe sobre nunca levantar a mão para uma mulher.
A polêmica ganha novos contornos com a acusação de violência física, moral e psicológica contra o filho caçula de Lula, Luis Claudio Lula da Silva, por uma ex-companheira. O episódio gerou cobranças públicas de oposicionistas, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a deputada Rosangela Moro (União Brasil-SP), que questionaram o silêncio do presidente e de seus aliados sobre o caso.
Em sua nota, o governo Lula destacou ações para enfrentar a violência contra as mulheres, incluindo o lançamento do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, a inauguração de novas Casas da Mulher Brasileira e avanços na Lei Maria da Penha.
(Com informações da Folha de S. Paulo)