As recentes trocas de farpas entre Nicolás Maduro e o presidente Lula (PT) ganharam um novo capítulo nessa quarta-feira (24). Durante uma entrevista ao G1, Edmundo González Urrutia, principal opositor do chavista nas eleições venezuelanas, destacou a sensibilidade exacerbada do governo de Maduro e suas reações antidemocráticas diante de críticas, desconsiderando até mesmo antigas alianças.
Para Urrutia, Lula sempre foi um aliado quase incondicional do governo de Maduro. No entanto, ele mencionou que o governo venezuelano reage de forma drástica quando criticado, revelando uma faceta autoritária que não condiz com uma sociedade democrática. As declarações de Urrutia ocorrem em um momento de grande tensão política na Venezuela, com eleições marcadas para o próximo domingo, dia 28.
Urrutia analisou as atitudes recentes de Maduro, como o desconvite de observadores internacionais europeus, interpretando-as como sinais claros de desespero e nervosismo das autoridades do país. Segundo ele, essa postura reflete o medo real do governo de perder as eleições. A principal preocupação de Urrutia é com a possibilidade de violência, especialmente após as declarações alarmantes de Maduro sobre um possível “banho de sangue” e “guerra civil” em caso de derrota. Contudo, Urrutia se mostrou confiante de que, na eventual vitória da oposição, a transição será pacífica e sem violência.
Outro ponto crucial da campanha de Urrutia é a recuperação da economia venezuelana. Ele aponta que a economia do país está “no chão” e arremata que há uma necessidade urgente de restaurar o poder aquisitivo do bolívar, a moeda nacional. Segundo ele, é imperativo iniciar um trabalho árduo para reverter a situação econômica catastrófica do país.
Entre os pontos principais do plano econômico de Urrutia estão o fortalecimento do poder aquisitivo do bolívar, a oferta de oportunidades aos refugiados venezuelanos para retornarem ao país e o aproveitamento das experiências internacionais desses refugiados no processo de recuperação econômica. Além disso, Urrutia promete um governo que facilite o retorno dos venezuelanos que emigraram, desejando que eles tragam consigo as experiências adquiridas no exterior para contribuir no processo de reconstrução do país.
Outro ponto ressaltado por Urrutia envolve a disputa pelo território de Essequibo, na Guiana. Embora ele concorde com Maduro sobre a reivindicação desse território, defende uma abordagem pacífica e mediada pelo Acordo de Genebra de 1966. Para ele, é uma “reivindicação histórica” que precisa ser resolvida com diplomacia e sem confronto.
As eleições deste domingo são vistas como um teste crucial para a democracia venezuelana, e a posição de Urrutia reflete a esperança de muitos venezuelanos por uma mudança pacífica e democrática. A tensão entre Maduro e Lula adiciona um elemento internacional a essa disputa, atraindo a atenção de observadores do mundo inteiro.