A Represa das Três Gargantas, situada no rio Yangtzé, na China, não é apenas a maior usina hidrelétrica do mundo em termos de capacidade instalada, mas também uma obra de engenharia tão vasta que pode influenciar a rotação da Terra. Esta afirmação, que pode parecer inicialmente surpreendente, é apoiada por estudos científicos e revela a magnitude deste impressionante projeto de infraestrutura.
UM GIGANTE DE ENGENHARIA
Iniciada em 1994 e concluída em 2012, a construção da Represa das Três Gargantas envolveu a escavação de mais de 102,6 milhões de metros cúbicos de terra e rocha e o uso de 27,2 milhões de metros cúbicos de concreto. A represa, localizada na província de Hubei, na China central, atravessa o rio Yangtzé e utiliza o fluxo de água de três desfiladeiros próximos – Qutangxia, Wuxia e Xilingxia – para girar turbinas e gerar eletricidade.
A capacidade instalada da represa é de 22.500 MW, fornecendo cerca de 10% da demanda energética da China e contribuindo significativamente para a redução da dependência de combustíveis fósseis. Além de sua importância para a geração de energia, a represa melhorou a navegação no rio Yangtzé, permitindo o trânsito seguro e eficiente de embarcações maiores, o que impulsiona o comércio e a economia regional.
IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL
A construção da represa teve um impacto ambiental significativo. A inundação de vastas áreas causou a perda de habitats naturais e a extinção de espécies locais. Além disso, a alteração do fluxo do rio afetou a sedimentação, com possíveis consequências a longo prazo para a agricultura e a pesca na região. O projeto também exigiu a realocação de aproximadamente 1,3 milhão de pessoas, uma vez que mais de 1.500 cidades, vilas e aldeias foram submersas.
A REPRESA QUE MOVE A TERRA
Uma das afirmações mais intrigantes sobre a Represa das Três Gargantas é a de que ela é tão massiva que afeta a rotação da Terra. Este conceito foi explorado em uma publicação de 2005 da NASA, que examinou como grandes mudanças na distribuição de massa na Terra podem influenciar seu momento de inércia – um conceito em física que descreve a dificuldade de girar um objeto em torno de um eixo.
O Dr. Benjamin Fong Chao, geofísico do Goddard Space Flight Center da NASA, explicou que a represa, ao reter 40 quilômetros cúbicos (10 trilhões de galões) de água, altera a distribuição de massa do planeta. Pelos cálculos de Chao, essa mudança aumenta a duração de um dia em 0,06 microssegundos e move a posição polar da Terra em cerca de 2 centímetros. Embora estes efeitos sejam insignificantes para a percepção cotidiana, eles são notáveis para dispositivos de cronometragem superprecisos, como relógios atômicos.
DESAFIOS E CONTROVÉRSIAS
Apesar dos benefícios econômicos e tecnológicos, a represa enfrenta desafios e controvérsias. Preocupações incluem a estabilidade estrutural em uma área propensa a terremotos, a possibilidade de desastres naturais como deslizamentos de terra, e os impactos sociais da realocação de comunidades inteiras. A gestão e manutenção contínua da represa são cruciais para garantir sua longevidade e segurança.
A Represa das Três Gargantas é um símbolo do progresso e desenvolvimento tecnológico da China, destacando o poder da engenharia moderna. Ao mesmo tempo, serve como um lembrete dos desafios e sacrifícios associados a megaprojetos dessa magnitude. A capacidade de uma estrutura feita pelo homem influenciar a rotação da Terra é uma prova da escala impressionante deste projeto. Ao equilibrar os benefícios econômicos e tecnológicos com a responsabilidade ambiental e social, a China e o mundo podem aprender valiosas lições para futuros empreendimentos de infraestrutura.