Recentemente, milhões de pessoas ao redor do mundo acompanharam mais uma edição dos Jogos Olímpicos, onde diversas modalidades esportivas serviram de inspiração para muitos. Contudo, os benefícios da prática esportiva se estendem muito além das competições de alto nível. Natália Fróis, médica endocrinologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), enfatiza a importância fundamental da atividade física no equilíbrio hormonal e no metabolismo do corpo humano.
A prática esportiva não se restringe às competições de elite, sendo crucial para a saúde pública, especialmente na prevenção da obesidade — um problema de saúde global que afeta milhões de pessoas e está ligado a várias complicações metabólicas e doenças crônicas. A atividade física regular, que ganha visibilidade com eventos esportivos internacionais, se apresenta como uma aliada poderosa na prevenção e tratamento dessa condição.
Um estudo realizado pelo pesquisador Eduardo Nilson, da Fiocruz Brasília, apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade em São Paulo, mostra que 56% dos adultos brasileiros têm obesidade ou sobrepeso. O estudo estima que, mantidas as tendências atuais, daqui a 20 anos, mais de 130 milhões de brasileiros viverão com obesidade ou sobrepeso.
A médica explica que a atividade física influencia positivamente vários hormônios no corpo, contribuindo para o equilíbrio do metabolismo energético, reduzindo a obesidade e promovendo um estilo de vida mais saudável. Entre os hormônios afetados estão a insulina, o cortisol, as catecolaminas, o hormônio do crescimento e os hormônios sexuais, como a testosterona e o estrogênio. “A prática regular de exercícios físicos é uma aliada poderosa na prevenção e tratamento da obesidade, além de ajudar na perda de peso e na regulação dos hormônios que controlam o metabolismo e a saúde geral”, afirma.
Segundo Natália, a obesidade frequentemente está associada à resistência à insulina, uma condição em que as células do corpo não respondem adequadamente ao hormônio, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. “A prática regular de exercícios físicos melhora significativamente a sensibilidade à insulina, reduzindo essa resistência. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a atividade física pode reduzir em até 58% o risco de desenvolver diabetes tipo 2, evidenciando sua importância na prevenção de condições relacionadas à resistência insulínica”, conta.
Dados da OMS ressaltam, ainda, que a inatividade física é um dos principais fatores de risco para a mortalidade global, responsável por cerca de 3,2 milhões de mortes anuais. Natália Fróis alerta para a importância da prevenção: “Para otimizar a saúde hormonal e prevenir a obesidade, é recomendado praticar atividades físicas moderadas por pelo menos 150 minutos por semana, distribuídos em 3 a 5 sessões. Para perda de peso, essa quantidade deve ser aumentada para 225 a 420 minutos por semana. A intensidade dos exercícios deve atingir pelo menos 50% do volume de oxigênio máximo (VO2) do indivíduo”, explica.
Outro ponto importante é que a atividade física ajuda a regular vários hormônios, como o cortisol, conhecido como hormônio do estresse. “O cortisol tem sua produção aumentada durante a atividade física, mas esse aumento é benéfico, pois age como um anti-inflamatório, aumenta os níveis de energia e melhora o desempenho físico. Além disso, o exercício físico promove a liberação de dopamina e serotonina, hormônios relacionados ao prazer e bem-estar, contribuindo para uma melhor saúde mental e controle do peso”, afirma.
Atividades físicas também melhoram o desempenho sexual. “Nos homens, a prática regular de exercícios aumenta os níveis de testosterona, contribuindo para o ganho de massa muscular e melhora da resistência e força. Nas mulheres, o estrogênio auxilia na recuperação muscular e pode ter níveis aumentados ou diminuídos durante a atividade física, dependendo da intensidade e tipo de exercício. O equilíbrio desses hormônios garante uma melhora na libido tanto do homem quanto da mulher”, destaca Natália.
Além da atividade física, a médica enfatiza a importância de um sono reparador, ingestão adequada de água e uma alimentação saudável, rica em alimentos naturais e pobre em ultraprocessados. “É essencial manter esses hábitos saudáveis combinados com a prática regular de exercícios para manter os níveis hormonais equilibrados e prevenir a obesidade. A pessoa também pode procurar um endocrinologista para acompanhamento adequado”, conclui.