De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença de Alzheimer. No Brasil, estima-se que são cerca de 1,2 milhão de pessoas, um número que tende a crescer devido ao envelhecimento da população. Reconhecida como uma doença neurodegenerativa, o Alzheimer é uma das condições mais prevalentes dentro das síndromes demenciais, possuindo características únicas que a distinguem das demais demências, variando em apresentação clínica, taxa de progressão e manifestações comportamentais. O impacto no indivíduo e nas famílias é significativo, exigindo uma compreensão ampla e medidas preventivas adequadas, razão essa do dia 21 de setembro ser dedicado à conscientização da doença de Alzheimer.
O médico neurologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Wesley Moreira Vieira, destaca a importância de abordar a prevenção do Alzheimer e de outras síndromes demenciais. “Não existe uma idade mínima para começar a prevenir. Estudos recentes identificaram vários fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças, como obesidade, o colesterol alto, o sedentarismo, o diabetes, a hipertensão arterial, o tabagismo, o alcoolismo, a lesão cerebral traumática repetitiva, a depressão, o isolamento social, além de baixa capacidade visual e auditiva, associada à baixa escolaridade. O manejo adequado desses fatores pode prevenir em até 45% os casos de demência, incluindo o Alzheimer”, detalha.
O estilo de vida tem um papel fundamental na prevenção do Alzheimer e outras demências. “A dieta mediterrânea, rica em alimentos frescos e integrais como frutas, vegetais, peixes, grãos integrais e carnes magras, é frequentemente recomendada. Ela pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, que são fatores de risco para o desenvolvimento de demência. Além disso, o sedentarismo tem uma ligação direta com o desenvolvimento de síndromes demenciais. A prática regular de exercícios físicos, ao menos três horas semanais, é altamente recomendada para manter o cérebro saudável”, explica.
De acordo com o neurologista, é importante que tanto pacientes quanto cuidadores e familiares estejam cientes dos primeiros sintomas e procurem assistência médica rapidamente, pois, o tratamento, quando iniciado no momento adequado, pode minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.“Sinais como dificuldades com o manuseio de medicamentos, preparo de refeições, controle financeiro e esquecimento de compromissos podem ser os primeiros indícios. Além disso, alterações comportamentais, como irritabilidade, ansiedade e apatia, também são comuns e devem ser vistas como parte da doença, e não como falhas de caráter”, exemplifica.
Enquanto a ciência segue na busca por um tratamento curativo para o Alzheimer, avanços significativos têm sido feitos. “Novos medicamentos, que já estão sendo comercializados em alguns países, prometem retardar a progressão da doença. Mesmo que não sejam os fármacos que usaremos no futuro, talvez eles tenham encontrado o caminho para o tratamento”, comenta o médico.
De acordo com o neurologista, enquanto a cura definitiva não é descoberta, o foco deve ser o gerenciamento dos fatores de risco modificáveis, pois além da possibilidade de adiar o início dos sintomas, pode também melhorar a qualidade de vida do paciente.
Embora o Alzheimer seja uma doença que apaga memórias, com cuidados humanos adequados, podemos escrever novas histórias. “As medicações disponíveis atualmente conseguem minimizar os sintomas, proporcionando alívio para os pacientes e reduzindo o estresse dos cuidadores. Por isso, uma dica que passo aos familiares e cuidadores é que ‘produzam boas emoções’, pois o paciente com Alzheimer pode não se lembrar do que você falou, mas ele vai guardar a emoção vivenciada”, ressalta Wesley.
Dessa forma, o médico reforça que tanto o tratamento medicamentoso quanto o carinho e apoio familiar são essenciais para que os pacientes vivam com mais dignidade e qualidade de vida. “O Alzheimer pode apagar memórias, mas com cuidado, prevenção e um toque de afeto, é possível viver de forma mais plena, mesmo diante dos desafios”, pontua o neurologista.