O colesterol, uma substância essencial para o funcionamento do corpo humano, tem sido alvo de debates e preocupações na área da saúde. O assunto vem como destaque neste dia 8 de agosto, quando é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Colesterol. Em razão desta data, o médico cardiologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Milton Henriques, traz algumas informações sobre a importância da prevenção e alerta sobre os riscos do consumo de alguns alimentos.
Diferente do que muitas pessoas pensam, o colesterol em si não é uma doença. Segundo o médico, ele desempenha papéis fundamentais, como a constituição das membranas celulares e a produção de hormônios e vitaminas. Contudo, sua presença em níveis elevados no sangue, especialmente o colesterol LDL, pode ser prejudicial e está associada a doenças cardiovasculares graves. “O LDL, conhecido como colesterol ruim, pode se acumular nas paredes das artérias, formando placas de gordura que obstruem o fluxo sanguíneo, levando à aterosclerose. Essa condição é a principal causa de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) no mundo”, explica o médico.
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) indicam que aproximadamente 40% da população brasileira possui níveis elevados de colesterol. Além disso, a SBC aponta que cerca de 300 mil brasileiros morrem anualmente em decorrência de doenças cardiovasculares, muitas das quais são diretamente ligadas ao colesterol alto. “O alto nível de colesterol pode ocasionar a aterosclerose, e ela nas artérias coronárias pode resultar em infarto, enquanto nos vasos cerebrais pode provocar AVC, ambas as maiores causas de morte no Brasil”, completa o médico.
O estilo de vida moderno, caracterizado por dietas inadequadas e falta de atividade física, contribui significativamente para a desregulação do colesterol. Em particular, o consumo excessivo de fast food tem se tornado um fator preocupante. De acordo com uma pesquisa feita pela Kantar, 8 em cada 10 pessoas no mundo consomem fast food. No Brasil, os números são preocupantes, somente no primeiro trimestre de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 31% no consumo dessas refeições.
O consumo de fast foodeleva os níveis de colesterol ruim (LDL) e reduz o colesterol bom (HDL), pois esses alimentos são ricos em gorduras saturadas e trans, sal e açúcares, o que contribuem para o aumento das triglicérides e do colesterol LDL. Além da alimentação ruim, os fatores genéticos também desempenham um papel importante, pois algumas pessoas possuem predisposição genética para níveis elevados de LDL, o que pode levar a infartos precoces.
O profissional destaca que para evitar problemas com níveis elevados de colesterol são necessárias algumas mudanças de hábitos. “A prática regular de exercícios físicos é igualmente essencial para a saúde cardiovascular. Atividades físicas ajudam a aumentar o colesterol HDL, o bom colesterol, que atua removendo o LDL das artérias. Além disso, é crucial evitar o consumo excessivo de álcool e alimentos ricos em gorduras trans, como biscoitos e margarinas, que elevam o colesterol ruim”, ressalta.
De acordo com o cardiologista, os níveis ideais de colesterol variam conforme o perfil de risco do paciente. “Para pessoas com baixo risco cardiovascular, o LDL deve estar abaixo de 130 mg/dL, enquanto para aqueles com muito alto risco, como os que já sofreram infarto ou AVC, o LDL deve ser mantido abaixo de 50 mg/dL. Esses parâmetros são estabelecidos com base em diretrizes de sociedades médicas e estudos científicos robustos”, explica.
O médico enfatiza a necessidade de uma dieta equilibrada e o uso correto da medicação, em pacientes já diagnosticados com hipercolesterolemia, como aliados indispensáveis para os níveis de colesterol sob controle. “Uma dieta rica em peixes, azeite de oliva, castanhas, legumes e frutas, como a dieta mediterrânea, ajudam a manter os níveis adequados. Quando corretamente indicadas, as medicações com base emestatinas (como sinvastatina e rosuvastatina) são eficazes na redução dos níveis de LDL e na prevenção de eventos cardiovasculares, diminuindo significativamente o risco de infarto e AVC, quando usadas a longo prazo. Esse conhecimento vem de vários estudos científicos realizados nas últimas décadas em milhares de pacientes”, pondera o médico.
Com isso, Milton Henriques deixa uma mensagem de alerta à população. “É preciso compreendermos a doença aterosclerótica como a principal causa de morte no mundo, já que está na origem da maioria dos infartos e AVCs. É possível prevenir a aterosclerose. Ao lado da dieta balanceada e da prática de atividade física, conhecer seus níveis de colesterol e buscar adequá-los ao nível preconizado para seu risco cardiovascular é uma medida preventiva fundamental. Converse com seu médico clínico ou cardiologista sobre isso”, conclui o cardiologista.