Os Estados Unidos (EUA) ameaçam aplicar embargo à brasileira Avibras Aeroespacial, caso a empresa, que está perto da falência, venda 49% de suas ações para a estatal chinesa Norinco. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo, por meio de representantes do governo dos EUA a membros da administração do governo Lula (PT).
A Revista Sociedade Militar noticiou em 6 de junho que a Avibras, em recuperação judicial desde março de 2022, está com uma dívida de R$ 600 milhões e pode falir se a venda não se concretizar.
A possível aquisição da Avibras pela Norinco, aprovada por três oficiais-generais, preocupa os EUA devido ao risco de a China acessar tecnologia militar americana sensível. O embargo proibiria a Avibras de usar produtos americanos, um impacto muito grande, pois muitos de seus sistemas dependem de tecnologia dos EUA.
Um exemplo é o programa Astros, sistema de mísseis e foguetes do Exército Brasileiro, que utiliza comunicações da Harris Corporation, uma empresa americana. Sem esses componentes, a continuidade de diversos programas militares brasileiros ficaria comprometida. Além disso, a Avibras tem outras sete empresas americanas como fornecedoras em sua cadeia produtiva.
SANÇÃO À NORINCO E DESISTÊNCIA DO GRUPO AUSTRALIANO
A Norinco foi sancionada pelo presidente dos EUA Joe Biden em 2021 sob a alegação de ameaça à segurança nacional, política externa e economia dos EUA e enfrenta restrições que dificultam a integração de tecnologia americana em seus sistemas. A sanção foi motivada pelo uso de tecnologia de vigilância chinesa em repressões e abusos de direitos humanos.
Recentemente, a Norinco enviou uma carta às autoridades brasileiras comunicando seu interesse em adquirir 49% das ações da Avibras, após a desistência do grupo australiano DefendTex. A venda é vista como uma salvação para a Avibras, que enfrenta severa crise financeira e já demitiu 420 funcionários de uma só vez.
DEFENSORES DA VENDA PARA A NORINCO
Três oficiais-generais ouvidos pela Folha, sob reserva, são os principais defensores da venda da Avibras para a Norinco. Para eles, a proposta da empresa chinesa é importante porque permite manter o controle da empresa no Brasil, mesmo que a negociação seja vista como um ponto negativo pelos Estados Unidos.