O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou no sábado (17) a ocupação de uma fazenda e da encosta de uma rodovia entre os municípios de Pinheiros e Boa Esperança, no norte do Espírito Santo. A ação gerou tensão na região e chamou a atenção para os conflitos agrários no estado.
Segundo informações obtidas pela reportagem, os militantes do MST se instalaram inicialmente na encosta da estrada que liga as duas cidades. Durante a madrugada, parte do grupo invadiu uma fazenda próxima, mas retornou ao acampamento da rodovia ao amanhecer.
A tática de ocupar as margens das estradas antes de entrar nas propriedades é utilizada pelo movimento para dificultar denúncias de invasão. Até o momento, as autoridades locais não se pronunciaram oficialmente sobre o ocorrido.
Esta não é a primeira ação do tipo na região recentemente. Na segunda-feira (12), cerca de 40 pessoas invadiram uma fazenda pertencente à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) no sul do estado. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que não foi possível confirmar se os invasores tinham ligação com o MST neste caso.
A nova ocupação acontece em um contexto de aumento das atividades do MST no Espírito Santo. No início do mês, um dos líderes nacionais do movimento, João Paulo Rodrigues, recebeu o título de cidadão capixaba da Assembleia Legislativa estadual. A homenagem foi proposta pela deputada Iriny Lopes (PT) e gerou polêmica.
Rodrigues é um dos responsáveis pelo projeto eleitoral do MST, que pretende lançar entre 500 e 700 candidaturas nas eleições municipais de 2024. O movimento tem cobrado mais abertura e participação no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A invasão de propriedades rurais é uma das principais formas de atuação do MST, que defende a reforma agrária e critica a concentração de terras no país. Os proprietários rurais, por sua vez, denunciam as ações como ilegais e pedem mais segurança no campo.
A ocupação no norte capixaba reacende o debate sobre os conflitos agrários e a questão fundiária no Espírito Santo e no Brasil. Enquanto o MST afirma lutar por justiça social no campo, seus críticos o acusam de desrespeitar o direito à propriedade privada.