Na última sessão, o Ibovespa (IBOV) atingiu um novo recorde histórico em termos nominais, fechando em alta de 0,94% aos 136.888,71 pontos, ultrapassando brevemente os 137 mil pontos no intraday. O índice, que já vinha de uma série de ganhos, foi impulsionado por fatores domésticos e globais, com destaque para o setor de energia e as expectativas de corte de juros nos Estados Unidos.
O pregão de ontem foi marcado por um forte desempenho das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que subiram cerca de 9% e 7%, respectivamente, após um banco de investimentos elevar a recomendação de compra das ações. A alta no preço do petróleo, impulsionada pela escalada dos conflitos no Oriente Médio, também contribuiu para a valorização desses papéis, que juntos compõem quase 12% do índice Ibovespa.
Expectativas para o IPCA-15 e Taxa Selic
O foco dos investidores nesta terça-feira se volta para a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), um indicador-chave para as expectativas de inflação no Brasil. A previsão para agosto é de um avanço moderado de 0,12%, após a alta de 0,30% em julho, refletindo uma deflação mais acentuada no grupo de alimentação no domicílio.
Esse indicador é crucial para o Banco Central, que está de olho em possíveis ajustes na taxa Selic. Caso o IPCA-15 indique uma desaceleração da inflação, as apostas de manutenção da Selic em 10,50% ao ano podem se fortalecer, proporcionando um novo impulso ao mercado acionário. Por outro lado, uma inflação acima do esperado pode reacender o debate sobre a necessidade de retomada do aperto monetário, algo que o Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou estar no radar.
China e as tensões comerciais globais
Enquanto o mercado brasileiro observa de perto os desdobramentos internos, no cenário internacional, a China continua a ser um ponto de atenção. Sob a liderança de Xi Jinping, o país vem reforçando seu modelo de indústria liderada pelo Estado, com subsídios que somaram US$ 33 bilhões em 2023, um aumento de 23% em relação a 2019. Essa política de expansão da capacidade de produção, combinada com uma demanda doméstica menor, força a China a exportar a qualquer custo, criando atritos com diversos países.
Até o momento, a União Europeia, os Estados Unidos, e outros países como Índia e Japão, já impuseram tarifas sobre produtos chineses ou iniciaram investigações sobre práticas comerciais desleais. Esse ambiente de tensões comerciais adiciona uma camada extra de incerteza aos mercados globais.
Setor de tecnologia nos EUA e perspectivas para o Ibovespa
Nos Estados Unidos, o setor de tecnologia continua a liderar os ganhos do mercado, com o S&P 500 subindo mais de 18% no ano e o sub-índice de tecnologia avançando 28%. Entretanto, com a expectativa de corte de juros, especialistas acreditam que outros setores podem oferecer oportunidades de curto prazo, já que o segmento de tecnologia parece ter atingido um patamar de valorização elevado.
Essa dinâmica internacional, somada ao fluxo de capital estrangeiro que tem beneficiado o mercado brasileiro, mantém o Ibovespa em uma trajetória positiva, apesar das incertezas. O recorde histórico alcançado ontem reflete esse otimismo, mas o mercado deve continuar atento às variáveis macroeconômicas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Panorama
O Ibovespa segue em alta, impulsionado por expectativas de queda de juros nos Estados Unidos e movimentos estratégicos no mercado doméstico, como a valorização da Petrobras. Com o radar voltado para o IPCA-15 e as decisões de política monetária, os investidores continuarão a monitorar de perto os desdobramentos que podem impactar o cenário econômico nos próximos meses.