Por Walter Biancardine (*)
Existem doenças as quais dispensam formação acadêmica em medicina para serem diagnosticadas com precisão. Se espirro e meu nariz goteja, estou gripado. Se sinto como se grãos de areia enchessem meus olhos e os mesmos estão lacrimejantes e vermelhos, tenho conjuntivite. Se creio plenamente que mando em tudo e em todos, dispenso opiniões alheias e obedeço unicamente meus impulsos e desejos na convicção de que sou alguém superior, então sofro uma patologia mental.
A psicopatia tem como uma de suas características mais cruéis e enganadoras o fato de seus portadores serem imunes a sentimentos, emoções ou afetos. O lado “enganador” desta doença é ter sua frieza absoluta disfarçada por uma incrível e convincente capacidade de emular sentimentos – o mimetismo de um psicopata pode levá-lo às lágrimas, se tal for necessário para convencer alguém de algo que o interesse. E é neste ponto em que o mal sofrido pelo ministro da Suprema Corte do Brasil, Alexandre de Moraes, destoa: movido pela vaidade (mais uma característica de sua comorbidade chamada narcisismo), este cidadão deseja passar uma imagem de “homem de ferro”, inquebrantável e infalível.
No momento em que “Xandão” (apelido considerado carinhoso pelo presidente Lula) arroga-se detentor da última palavra sobre os destinos do país – “as redes sociais só vão operar no Brasil se respeitarem as leis” – o mesmo demonstra, de maneira incontestável, ser portador de toda a patologia psíquica demonstrada acima, bastando uma rápida e simples análise de seu discurso: a condicional “se” – “se respeitarem as leis” – por mais óbvia que seja, não lhe compete de maneira exclusiva. Moraes não é voto único no STF, sua interpretação do fato não é “voto de Minerva” e, sequer, instaurou-se qualquer procedimento para apurar possíveis indícios de descumprimento das leis. Mas, cedendo aos seus impulsos autocráticos e narcísicos – a manifestação clara de sua psicopatia – Alexandre, de um pulo, já decretou as suas condições para que Zuckerberg opere suas empresas no Brasil.
Sim, o leitor não compreendeu errado: “as suas condições”, as condições dele, de Alexandre de Morais, que esqueceu-se da lei, do colegiado e do contraditório na ânsia de mostrar-se poderoso diante de microfones e câmeras. Algo como uma ejaculação precoce de poder.
Não bastasse a gravidade do quadro – termos um psicopata no STF – existe o fator agravante que é o magnetismo criado pelo poder, verdadeiro círculo vicioso e nefasto: o poder atrai, fascina e seduz. Estes seduzidos prestam-se, movidos pelos mais variados interesses, a uma subserviência total e que aumenta ainda mais este poder fascinante que, por sua vez, atrai outros mais seduzidos. E assim o poder trevoso se retroalimenta, angaria vassalos e torna-se cada vez mais forte.
O passado obscuro de Moraes, advogando para facções criminosas como o PCC e outros, nutre sua ingênua crença em si próprio e seu atual e incontestável poder, cuja verdadeira origem é cuidadosamente recalcada em seu subconsciente por não atender seu narcisismo manifesto: se há mãos fortes na retaguarda de tal e pífia figura humana, estas mãos são as de George Soros, Hillary Clinton, Barack Obama e outras mais obscuras, como as de chefes de cartéis de drogas – Los Soles, etc., estas últimas explicando à perfeição a desenvoltura de nossa ditadura diante do tráfico internacional de drogas. A bem da verdade e para um entendimento mais rasteiro, explica até o passeio de Lula e Flávio Dino em território do tráfico – sem seguranças – usando o infame boné “CPX” (cupincha, para os mais chegados).
Em seu surto, Moraes espera que Mark Zuckerberg o obedeça – o que não é difícil, dado o escasso caráter do milionário. O único obstáculo em seus delírios de grandeza é o humor de Donald Trump que, se acordar em um mau dia, pode acionar todo o submundo norte-americano para chutar o pé da cadeira de ambos, Alexandre e Lula.
O povo brasileiro, como patrão desta figura, evita ser protagonista da história mergulhando na omissão e covardia – usuais e imutáveis em nossa personalidade – aguardando que o pesadelo se resolva por si só. Assim, este mesmo povo não deve nem merece ser levado em consideração, pois o soldado que não luta não reparte os despojos.
Resta-nos aguardar, quietos em casa e vendo YouTube nas Smart TV’s, que qualquer um resolva o caso. Qualquer um, menos nós.
A nós cabe apenas nos enrolarmos na bandeira nacional e posarmos de “guerreiros patriotas”, se formos vencedores.
E tirarmos fotos para o Instagram também, é claro – se ainda existir.